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A cidade de Curitiba está em alerta para risco iminente de uma terceira onda da Covid-19, com proporções quatro vezes maior que a primeira e a segunda, ocasionadas em 2020. A previsão é de um estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – mesmo grupo de pesquisadores que previu a segunda onda da pandemia em Manaus.
Segundo o levantamento, a taxa de óbitos por Covid-19, na capital do Paraná, deverá atingir uma média de 80 a 90 mortes por dia, entre o final de março e início de abril, podendo ultrapassar as 100 mortes diárias. Além disso, o estudo prevê uma quarta onda da Covid-19, a partir de julho, se não forem adotadas medidas mais rígidas de isolamento social e vacinação em massa.
Para chegar ao resultado do alerta, os pesquisadores do INPA utilizaram o modelo epidemiológico SEIR, que coletou dados, desde o início da pandemia até o início de março de 2021, sobre a população suscetível, exposta, infectada e recuperada, além da proporção de vacinados e de isolamento social empregado na cidade.
Em nota, a prefeitura disse que “o estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) é baseado em um modelo que leva em consideração o crescimento da pandemia em progressão geométrica, mas experiências práticas demostraram que a pandemia do novo coronavírus, quando da adoção de medidas sanitárias, se comporta com uma logística variável e não na progressão geométrica. Curitiba vem adotando medidas sanitárias desde o registro dos primeiros casos, em 11 de março de 2020, o que faz com o cenário apontado pela pesquisa não se concretize.”
No entanto, o pesquisador Lucas Ferrante alerta que o cenário é crítico, já que as previsões ainda são conservadoras.
“É um modelo epidemiológico que considerou inclusive as taxas de isolamento social empregadas e as taxas de vacinação. A situação é crítica em Curitiba. E esse é o cenário mais conservador que deve ocorrer. A prefeitura de Curitiba deveria estar em alarme”, alerta.
Segundo a pesquisa, o pico de contágio poderá ser causado pela variante P1 do coronavírus, que já foi identificada em Curitiba, conforme explica Lucas Ferrante.
“Ela é uma variante duas vezes mais virulenta do que a variante que casou a pandemia do coronavírus. E as pessoas têm uma carga viral maior no organismo, podendo ser até dez vezes maior, comparada à carga viral das pessoas que foram infectadas pela primeira linhagem em 2020”, esclarece.
O doutor Alcides Oliveira, diretor do centro de epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, ressaltou – em sessão plenária da Câmara Municipal – que a variante P1 tem como agravante o aumento da necessidade de internação em pacientes mais novos.
“Até então nós tínhamos idosos que complicavam em torno do 7º ao 10º dia da doença, necessitando do internamento. Porém a nova variante já demonstrou que essa idade foi regredida. Então temos observado aumento da faixa de idade de 20 a 59 anos necessitando de internamento precoce”, comenta.
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O estudo do INPA também aponta que o relaxamento das medidas de distanciamento social e o retorno das aulas nas modalidades presenciais ou híbridas agravam ainda mais a situação, colando em risco de infecção mais de 500 mil curitibanos.
“Sabe-se, através de um estudo publicado na Scientific Report, que crianças têm uma carga viral equivalente à dos adultos e que transmitem igualitariamente aos adultos. Então essa maior circulação de pessoas, na capital ou no interior, deve propiciar a propagação do vírus, causando esse grande colapso do sistema de saúde”, explica o pesquisador Lucas Ferrante.
Para os pesquisadores, o retorno presencial das aulas só deve ser considerado seguro quando 70% da população atingir a imunidade de rebanho, através da vacinação.
“Antes disso, não existe segurança. E hoje é consenso mundial, entre os pesquisadores, que o retorno das aulas presenciais foi crucial para novos colapsos do sistema de saúde, inclusive na Europa, seguindo protocolos de países de primeiro mundo”, ressalta o pesquisador.
Os dados mais atualizados do Painel Covid apontam que, em 13 de março, Curitiba registrava um total de 3.207 mortes, 155.980 casos confirmados, 12.665 casos ativos, média móvel de 24 óbitos por dia e a taxa de ocupação de leitos de UTI chegou a 96%.
Para conter o avanço do coronavírus, a prefeitura ampliou as medidas restritivas da cidade, desde o último sábado (13). Segundo o Decreto 565, até 21 de março, prosseguem em funcionamento apenas atividades essenciais – como supermercados, padarias e postos de gasolina – com horários restritos, além da exigência de cumprimento do Protocolo de Responsabilidade Sanitária e Social.
A determinação também veta as atividades em parques e as aulas presenciais na rede privada de ensino. As aulas na rede municipal permanecem suspensas até início de abril. Já o transporte passa a funcionar com lotação máxima de 50%.
No entanto, essas medidas não são suficientes para reduzir as projeções, como aponta o pesquisador Lucas Ferrante.
“As taxas de vacinação em Curitiba ainda são muito pequenas. O modelo aponta que precisa ser implementado um lockdown de 21 dias. Esse lockdown deve restringir 90% da mobilidade urbana da cidade. Dessa forma, nós controlaremos a transmissão viral, de forma eficiente, para dar tempo de vacinar toda a população”, recomenda.
Atualmente, a taxa de vacinação contra a Covid-19 cobre cerca de 7% da população curitibana. A aposentada, Ivete Klein, reclama da falta de doses.
“A gente vê que, hoje, empresários na capital estariam dispostos a adquirir a vacina; imunizar sua equipe de trabalhadores, e não tem disponibilidade para eles. Inclusive eu gostaria de comprar a minha vacina e ficar imune. Não tem”. A curitibana também observa a falta de conscientização de boa parte da população sobre a importância de manter o isolamento social.
Os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – que projetaram os números para Curitiba – são os mesmos que previram a segunda onda de casos que assolou Manaus, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. A semelhança entre as duas cidades, segundo o pesquisador Lucas Ferrante, é o negacionismo das gestões municipais. No entanto, a variante P1 é um agravante para Curitiba.
“A segunda onda de Manaus não foi causada pela P1. No caso de Curitiba, nós temos a P1 causando essa terceira onda, o que deve culminar em uma onda muito mais agressiva para a população”, afirma.
Lucas Ferrante afirma que o aumento exponencial da circulação do coronavírus no País – em especial em Curitiba – é a receita para que surja uma variante resistente às vacinas, colando em cheque os esforços mundiais para controle da pandemia.
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