Fachada de prédio da Aprosoja pichada. Foto: Divulgação
Fachada de prédio da Aprosoja pichada. Foto: Divulgação

Vice-presidente da Aprosoja em MT classifica ataques à sede da entidade como “terroristas”

Prédio da associação foi invadido, pichado e depredado na quinta-feira (14) por membros ligados ao MST. Entidades e autoridades públicas se posicionaram contra atos de vandalismo

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O vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) em Mato Grosso, Lucas Beber, disse que a invasão da sede da entidade, em Brasília, por membros do movimento Via Campesina Brasil na manhã de quinta-feira (14) foi um ato de terrorismo. A declaração foi dada em entrevista ao portal Brasil61.com, nesta sexta (15). 

“A gente espera que as autoridades responsáveis punam, ao rigor da lei, essas pessoas. Não é admissível em um país sério, que diga que tem leis consistentes, que se formem grupos que não são responsabilizados juridicamente. Há que se tratar esses grupos como terroristas, porque quem promove depredação e ataque não é nada mais, nada menos, que terrorista”, disse. 

De acordo com a Polícia Civil, entre 7h e 7h30 de quinta-feira, o grupo ligado ao Movimento Sem Terra (MST) invadiu, pichou e depredou o edifício onde ficam a Aprosoja e outras entidades do agronegócio, como a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e a Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass).  

À reportagem, a assessoria de imprensa da Aprosoja informou que os funcionários estão trabalhando em regime de home office por conta do ocorrido. Enquanto isso, o prédio passa por reparos nas áreas externa e interna. De acordo com a associação, além da fachada e das paredes pixadas, o grupo danificou o motor do portão de acesso, os sensores de segurança e outros itens. A entidade não soube estimar o valor do prejuízo. 

Em nota divulgada após a invasão, a Aprosoja repudiou os atos e informou que está tomando as “providências cabíveis junto às autoridades policiais para que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados por cada um dos crimes cometidos”. 

A associação confirma que uma funcionária estava no prédio no momento dos ataques e se escondeu no banheiro, pois estava com medo de ser agredida. Na publicação, a entidade afirma que a invasão foi covarde e representa uma “afronta ao Estado Democrático de Direito'', além de colocar “em risco a integridade física de seus colaboradores e associados”.

Lucas Beber, vice-presidente da Aprosoja em Mato Grosso, pondera: “A gente sempre fala em democracia, diálogo e tudo mais. Então, em vez da gente avançar, isso daí retrocede. Diferenças e opiniões sempre vão existir, mas tem que resolver de maneira civilizada e não com agressão ou ameaça.”

A 10ª Delegacia de Polícia, localizada no Lago Sul, investiga o caso como dano ao patrimônio e associação criminosa. 

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Repercussão

Após o ataque, entidades ligadas ao agronegócio e autoridades se posicionaram. À reportagem, a Abramilho, que compartilha o prédio com o Aprosoja, lamentou e repudiou o ocorrido. “Mais do que nunca, o momento do país requer diálogo e respeito às instituições, e ações como esta não contribuem em nada para superação de nossos desafios em favor do desenvolvimento socioeconômico nacional.”

Já a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse, por meio de seu perfil no Instagram, que “o vandalismo ultrapassa qualquer limite do sensato, do razoável e do democrático”. Ela também se solidarizou com as entidades e os produtores rurais e destacou que o agronegócio “é um setor importante para a nossa economia, renda e garantia da segurança alimentar”. 

A Frente Parlamentar da Agropecuária ressaltou que o setor ”possui os melhores indicadores econômicos e sociais do país, apresentando a maior geração de novas vagas de trabalho dos últimos 10 anos”. Além disso, pontuou que a divisão não ajuda no desenvolvimento de soluções e políticas que precisamos urgentemente construir, com vistas a um futuro melhor.”
 
O integrante da Frente, o deputado federal Alceu Moreira (MDB/RS) se disse “indignado” com os atos. O parlamentar subiu o tom em vídeo publicado nas redes sociais. “Queremos manifestar a nossa revolta. O nosso país não pode concordar com invasões e badernas dessa natureza. Lugar de bandido é na cadeia”, disse.

Investigação

Ao portal Brasil61.com, o senador Marcos Rogério (DEM/RO) classificou a invasão como “ato tipicamente antidemocrático ao Estado de Direito”. Segundo o parlamentar, é preciso haver reação imediata das forças de segurança para investigar e punir todos os envolvidos na ação. “Já disse e repito: o Brasil precisa avançar, para enquadrar e punir, na sua legislação, esse tipo de situação, de violência, como atos de terrorismo”, reiterou. 

O senador confirmou que pediu à Polícia Federal e ao Ministério da Justiça que também investiguem os ataques. “É algo lamentável e inaceitável, justamente contra um segmento que produz alimentos para o Brasil e para o mundo. Se tem um setor que nós devemos proteger e garantir condições para continuar avançando, é justamente o setor produtivo brasileiro. Portanto, essa violência contra a Aprosoja é uma violência contra o setor produtivo, contra quem trabalha e produz de maneira organizada, de maneira profissional, o setor privado. Não podemos aceitar isso de maneira nenhuma”, disparou. 

Autoria

A Via Campesina Brasil assumiu a autoria dos ataques. De acordo com o MST, a ação faz parte da Jornada Nacional “Soberania Alimentar: contra o Agronegócio para o Brasil não passar fome”.  Os movimentos alegam que o “agronegócio cumpre papel de protagonismo no crescimento da fome, da miséria e no aumento do preço dos alimentos no Brasil”. Por meio de pichações, o grupo também criticou o presidente Jair Bolsonaro. 

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