LOC.: O município de Viana registrou aumento de 25% na receita com a extração de amêndoa de babaçu em 2020, totalizando mais de meio bilhão de reais em valor de produção. É o que apontou estudo do IBGE.
O resultado é um alívio para as quebradeiras de coco locais, que utilizam a amêndoa para a fabricação de óleo de babaçu. O insumo, utilizado na produção de sabão e sabonete, vem perdendo espaço para o óleo de palmiste, que tem origem na África.
Para o pesquisador da Embrapa Cocais José Frazão, o óleo de palmiste tem se sobressaído ao óleo de babaçu porque tem custos de produção inferiores.
TEC./SONORA: José Frazão, pesquisador da Embrapa Cocais
“O rendimento de óleo industrial de dendê é 20% do óleo de polpa e 2% do óleo de palmiste. Esse óleo de palmiste é um subproduto nesse processo. Como eles têm alta produtividade, o custo do óleo de palmiste é muito mais baixo. Se o Brasil começar a importar óleo de palmiste, a consequência é a queda de preço do óleo de babaçu, que afeta o rendimento das quebradeiras de coco.”
LOC.: De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão, a produção do óleo de babaçu caiu de 53 mil toneladas em 2010 para 22 mil toneladas em 2019, no Brasil. Já a produção do óleo de palmiste, no mundo, saltou de 5,75 milhões de toneladas para 8,9 milhões de toneladas no mesmo período, aponta o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Em Brasília há uma Câmara Temática do Óleo de Babaçu, instalada pelo Ministério do Meio Ambiente, para resgatar a competitividade do óleo de babaçu.
Maria do Rosário é quebradeira de coco há cerca de 40 anos. A maranhense conta que a atividade é uma tradição de família e destaca a importância para a economia local.
TEC./SONORA: Maria do Rosário, quebradeira de coco
“É tradição da gente, dos povos tradicionais, quebradeiras de coco, quilombolas, indígenas e pescadores. É uma atividade econômica que contribui muito com a renda familiar das pessoas, principalmente as pessoas de baixa renda.”
LOC.: De acordo com o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, mais de 300 mil mulheres extrativistas trabalham com o babaçu no Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará.
Reportagem, Felipe Moura.