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Municípios da região do Médio Mearim, como Lago do Junco, Lago da Pedra, assim como Bacabal, são fortes no extrativismo do coco babaçu. No entanto, estas e outras cidades perdem força econômica devido à queda na produção de óleo de babaçu. De acordo com a FIEMA, a redução, em todo o País, foi de 53 mil toneladas em 2010 para 22 mil toneladas em 2019.
Essa baixa tem como principal motivação a perda de espaço do produto para o óleo de palmiste, derivado do dendê, que tem origem africana. A situação levou à criação da Câmara Temática do Óleo de Babaçu, instalada pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen), do Ministério do Meio Ambiente. Segundo o deputado federal Zé Carlos (PT-MA), a iniciativa é relevante e pode resolver um problema que tem afetado as famílias das tradicionais quebradeiras de coco do estado.
“Há mais de uma década já existiam mais de 40 mil famílias que dependiam exclusivamente do babaçu. Portanto, é fundamental ter um olhar diferenciado para esse povo, que vive com pouco olhar dos governos, e tenta sobreviver utilizando extrativismo e criando produtos que vão desde o combustível, passando por produtos de limpeza, até a alimentação”, destaca.
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O parlamentar destaca algumas sugestões que podem ajudar as quebradeiras de coco a manterem suas atividades em dia. Uma delas é engajar fazendeiros que não permitem a retirada, por essas famílias, dos cocos, localizados em suas propriedades. Outra dica de Zé Carlos é estimular a abertura de pequenos negócios na área.
“Essa Câmara, a meu ver, vai ser a mobilizadora de um processo de conscientização para que a esfera da indústria privada e a esfera governamental possam decidir ações que envolvam a criação de pequenas empresas, fornecimento de equipamentos, criação de cooperativas, dando estrutura e condições de infraestrutura que ajudem essas famílias a produzirem”, pontua.
A exploração de recursos genéticos nacionais vem ganhando destaque pelo caráter sustentável que apresenta. O pesquisador da Embrapa Cocais, José Frazão, explica que o óleo de babaçu tem uma destinação voltada à fabricação de produtos de limpeza, como sabão e sabonete. Segundo ele, a perda de espaço também pode estar relacionada ao custo.
“O rendimento de óleo industrial de dendê é 20% do óleo de polpa e 2% do óleo de palmiste. Esse óleo de palmiste é um subproduto nesse processo. Como eles têm alta produtividade, o custo do óleo de palmiste é muito mais baixo. Se o Brasil começar a importar óleo de palmiste, a consequência é a queda de preço do óleo de babaçu, que afeta o rendimento das quebradeiras de coco”, explica.
Segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), Luís Fernando Renner, “esses dois produtos já absorveram mais de 90% da produção do óleo de babaçu, que vem sendo substituído ao longo dos anos pelo óleo de palmiste, que, por ser extraído da palmeira originária da costa ocidental da África não está sujeito à Lei da Biodiversidade.”
A Câmara Temática do Óleo de Babaçu tem à frente a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e foi criada com a atribuição de apresentar ao Plenário do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético uma proposta normativa quanto ao uso do óleo de babaçu para produção de sabões e produtos de limpeza, no âmbito da legislação de acesso e repartição de benefícios.
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