LOC.: O artigo da reforma tributária que permite aos estados criar um imposto sobre produtos primários e semielaborados seria uma "aberração". Foi o que afirmou o vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara, o deputado federal Evair Vieira de Melo, do PP do Espírito Santo
TEC./SONORA: deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES)
"Essa é uma das aberrações e distorções – até uma covardia – do novo texto da reforma tributária. Inclusive, eu votei contra essa manobra regimental que foi feita em acordo com os governadores, uma forma de trapacear tudo aquilo que tinha sido construído."
LOC.: O deputado Evair de Melo disse também que a retirada do tributo do texto é uma condição para que a Frente Parlamentar da Agropecuária apoie a aprovação da PEC no Senado.
Incluído de última hora no texto da reforma, o artigo 19 possibilita que os governadores cobrem um tributo, com validade até 2043, sobre bens primários como soja, milho e carne bovina. Esses itens estão entre os principais da pauta de exportações do agronegócio brasileiro.
A medida é alvo de críticas de representantes da agropecuária, mas também da indústria, em especial dos segmentos de mineração e petróleo. Para o mestre em direito tributário Eduardo Natal, a criação do imposto vai contra os princípios básicos do sistema tributário, que está sendo proposto.
TEC./SONORA: Eduardo Natal, mestre em direito tributário
"A questão da tributação dos semielaborados e primários pelos estados contraria a lógica dos tributos que estão sendo criados para simplificar o sistema e também desonerar a produção."
LOC.: O especialista explica que os princípios contrariados pelo tributo são a não cumulatividade de impostos, a desoneração das exportações e a tributação no destino – onde há o consumo do produto – e não na origem.
Reportagem, Felipe Moura.