Foto: Kawee/Adobe Stock
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Teve Covid-19? Saiba quais são os sintomas mais persistentes

Cerca de 8,5 milhões de brasileiros sofrem ou sofreram com sequelas da Covid-19


Cansaço, fraqueza muscular, problemas no sono, ansiedade e depressão. Essas são as queixas mais frequentes de quem se curou da Covid-19. Um estudo realizado com 1.733 pacientes que ficaram internados por complicações da Covid, mostrou que mesmo seis meses após a alta, 76% das ainda apresentavam algum sintoma. 

O jornalista Gustavo Caldas, de 35 anos, desenvolveu a forma grave da doença em junho de 2020. Ele passou por um longo período de internação hospitalar, foram mais de 10 dias numa unidade de tratamento intensivo. “Fiquei um ano e meio sem olfato e sem paladar. Nunca mais consegui dormir direito”, relata. 

Depois de mais de um ano, ele sofreu embolia pulmonar, infarto pulmonar e trombose na safena, o que o levou a uma nova internação. Segundo o médico que o atendeu, o indício do problema já estava presente nos exames da época da Covid-19. Atualmente, Gustavo faz acompanhamento médico com uma equipe multidisciplinar. 

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Sintomas comuns

O médico cardiologista, Dr. Fabrício da Silva, diz que agora com a Ômicron uma sequela comum à Covid é o desenvolvimento de sinusite bacteriana, além da perda de olfato e paladar, cansaço e dores de cabeça. “As sequelas são muito mais frequentes em pacientes com o quadro clínico grave ou crítico”, assegura. 

Nesses casos, há risco aumentado para trombose, além de inflamações e mesmo desnutrição. Estudo realizado pela USP avaliou 425 pacientes entre seis e nove meses após a alta hospitalar da Covid-19. Mais da metade relata perda de memória, ansiedade e depressão. 

Dayanne Timóteo, 36 anos, teve um quadro leve de Covid 19 há mais de um ano e ainda sofre com o problema. “Muitas vezes quero falar alguma coisa e não consigo me lembrar das palavras”, diz. 

O médico infectologista, Hemerson Luz, diz que a Covid-19 é muito mais do que uma doença pulmonar. “É uma doença sistêmica que pode cursar com processo inflamatório disseminado. E o próprio coronavírus pode causar lesão em diversos órgãos e tecidos. Alterações renais, fibromialgia e cefaleias também são comuns.”

Os sintomas pós-covid costumam durar cerca de dois meses. “Mas pode passar disso”, alerta o infectologista. A presença persistente de sequelas é mais comum em quem teve a forma mais grave da doença. Por isso, tanto Dr. Hemerson Luz quanto Dr. Fabricio Silva orienta que cada um complete seu esquema vacinal. “Quanto mais branda a doença, menor a presença de sequelas. O que torna a doença mais branda é a vacinação”, assegura Dr. Fabrício. 

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LOC: Cansaço, fraqueza muscular, problemas no sono, ansiedade e depressão. Essas são as queixas mais frequentes de quem se curou da Covid-19. Um estudo realizado com mais de mil e setecentos pacientes que ficaram internados por complicações da Covid, mostrou que, mesmo seis meses após a alta, 76% ainda apresentava algum sintoma. 

O jornalista Gustavo Caldas, de 35 anos, desenvolveu a forma grave da doença e passou mais de 10 dias internado em uma UTI. 
 

TEC./SONORA - Gustavo Caldas, jornalista que se recuperou da Covid 

"A principal sequela foi porque eu fiquei um ano e meio sem olfato e sem paladar. Nunca mais consegui dormir direito. Eu tinha um sono muito bom. Não consigo mais dormir sem remédio. Não sei se foi a Covid ou se foi o stress da rotina de uma UTI, não sei… Até hoje é assim: eu não consigo dormir sem remédio. O principal foi a coagulação do sangue que terminou em outubro do ano passado.”
 


LOC: Um ano e meio após ter tido a Covid, Gustavo sofreu embolia pulmonar, infarto pulmonar e trombose na safena, o que o levou a uma nova internação. O médico informou que desde a fase aguda da doença já havia indícios de alterações no sistema circulatório dele e que o problema poderia ter sido amenizado com o tratamento adequado. 

O estudo publicado pela revista The Lancet constatou que 56% dos entrevistados desenvolveram algum tipo de alteração pulmonar significativa. O médico infectologista, Hemerson Luz, fala que o mais frequente a permanência de sintomas por até dois meses, mas há exceções. Ele destaca as principais sequelas:
 

LOC: O médico alerta que não há como prevenir os sintomas pós-covid. A forma mais eficaz de combatê-los é a vacinação, que impede o desenvolvimento de formas graves. O Ministério da Saúde estima que cerca de 8 milhões e meio de brasileiros sofrem ou já sofreram com sintomas persistentes da Covid. A pasta publicou uma portaria que destina R$ 160 milhões para o atendimento especializado a pessoas que sofrem com sintomas de pós-Covid. 

Reportagem, Angélica Cordova