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A gestão ESG no setor de saneamento ainda não está estruturada no país. Essa é a conclusão do estudo “ESG e Tendências no Setor de Saneamento no Brasil”, divulgado pelo Instituto Trata Brasil. O levantamento traz um panorama sobre como o setor de saneamento se relaciona com os aspectos ambiental, social e de governança. O estudo mostra que as empresas apontadas como fornecedoras da cadeia de valor do saneamento estão em estágios diferentes: “as grandes empresas, com certa exposição, têm gestão de aspectos ESG formatadas e performance publicadas em relatórios internacionais. Empresas não expostas ao mercado, regionais ou muito especializadas, tendem a não oferecer informações sobre a gestão dos aspectos ESG de suas operações”.
A presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, defende a adoção das medidas ESG nas companhias de saneamento básico como uma forma de ir além do seu ramo de atuação e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
“A adoção dos critérios ESG é muito importante porque faz com que as empresas se preocupem além do seu ramo de atuação. O setor de saneamento também precisa ter uma preocupação com a sociedade, com o entorno onde ele atua trazendo tarifa social, trazendo emprego para a população onde atua. Então cada vez mais a preocupação com os critérios ESG traz o setor de saneamento para junto da sociedade construindo uma solução que melhore a vida de todos e que traga um benefício geral para o país”, afirma.
Critérios ESG já fazem parte do dia a dia de 85% das indústrias brasileiras
De acordo com a sétima edição da Pesquisa Global de Gestão de Riscos de Terceiro, divulgada pela Deloitte, 69% dos líderes de empresas que atuam no Brasil afirmam ter uma forte compreensão de contexto de negócios, estratégia e objetivos que ancoram a gestão eficaz dos aspectos ESG. Os aspectos ambientais, sociais e de governança, conhecidos pela sigla em inglês ESG, têm ganhado cada vez mais visibilidade no meio empresarial devido ao incentivo global à adoção de medidas sustentáveis. As práticas tentam acompanhar o desenvolvimento das relações de consumo que passaram a exigir que as empresas cumpram um papel social diante da comunidade onde estão inseridas e não mais existam exclusivamente em razão do lucro.
A presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, afirma que existem incentivos às práticas ESG no Brasil, como a redução de juros para as empresas que adotarem os aspectos. Para Pretto, as mudanças no mundo relacionadas ao meio ambiente e os eventos climáticos extremos — como as fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo — têm aumentado a pressão para uma atuação positiva dos diversos atores que compõem a sociedade.
“Isso tem feito com que todos passassem a refletir a respeito do seu papel como cidadão, do seu papel como empresa, não apenas no setor produtivo, mas na sociedade na qual essa empresa está inserida. Então cada vez mais vai haver cobrança para que as empresas se comprometam com os critérios de meio ambiente, sociais e de governança trazendo um impacto positivo no entorno no qual ela atua”, destaca.
O deputado federal Marco Bertaiolli (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo, afirma que as organizações devem estar sintonizadas às necessidades do consumidor moderno. Ele acredita que práticas que interfiram no meio ambiente e em aspectos sociais serão cada vez mais “desincentivadas”.
“Estamos vivendo uma transformação no mundo nas relações empresas, emprego, meio ambiente e a relação com a comunidade onde essa empresa está inserida. Cada vez mais é natural que essa empresa tenha um comportamento social adequado com a comunidade na qual está inserida, seja no bairro ou no município ou mesmo no estado se for uma empresa de grande porte. Assim também a relação com o meio ambiente”, pontua o parlamentar.
O estudo “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro 2022”, também publicado pelo Instituto Trata Brasil aponta que os benefícios diretos promovidos pelo Saneamento Básico, entre 2005 e 2019, alcançaram R$ 1,1 trilhão. A expectativa é que entre 2021 e 2040 os benefícios a partir da universalização do saneamento cheguem a R$ 1,4 trilhão.
Segundo o Trata Brasil ,quase 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto e 35 milhões não possuem abastecimento de água tratada. Além disso, o equivalente a 5.500 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento é despejado na natureza no Brasil todos os dias, desde o início de 2021.
De acordo com a lei 11.445/2007, saneamento básico é o conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. A Fundação Nacional da Saúde (Funasa) pontua que a prestação desses serviços são essenciais para evitar doenças como malária, dengue e febre amarela.
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