LOC.: A legislação atual prevê que as empresas brasileiras que exportam bens e serviços não devem ser tributadas por essas operações. O que ocorre, na prática, é bem diferente.
É o que explica o superintendente de Economia da Confederação Nacional da Indústria, a CNI, Mário Sérgio Telles. Por exemplo: no caso do Imposto sobre Serviços, o ISS, uma empresa exportadora, na maior parte das vezes, não consegue recuperar os créditos em impostos pagos por seus fornecedores. Além disso, quando comprovam o direito ao crédito, muitas delas demoram para receber a restituição dos fiscos, completa o superintendente da CNI.
TEC./SONORA: Mário Sérgio Telles, superintendente de Economia da CNI
"O que acontece é que os fiscos, seja o federal, seja o dos estados, não restituem esses saldos credores. No momento, nós temos cerca de R$ 50 bilhões em créditos de PIS/Cofins com a Receita Federal para serem devolvidos. E as estimativas apontam cerca de R$ 170 bilhões de créditos de ICMS que os estados não devolvem."
LOC.: Mas o problema está com os dias contados. Com a aprovação da reforma tributária no final do ano passado, as regras para não tributar o que o país vende para fora estão mais claras.
No novo sistema, as exportações serão isentas da Contribuição sobre Bens e Serviços — que substitui IPI, PIS e Cofins — e do Imposto sobre Bens e Serviços — que entra no lugar de ICMS e ISS. Além disso, as empresas brasileiras que vendem para outros países vão poder se apropriar e utilizar os créditos dos tributos recolhidos pelos fornecedores.
Relator do projeto de lei complementar que detalha o funcionamento do novo sistema, o deputado federal Reginaldo Lopes, do PT de Minas Gerais, diz que o novo regime iguala o Brasil à prática recomendada internacionalmente de não tributar as exportações. Na opinião dele, isso vai aumentar a competitividade das empresas brasileiras no mercado exterior.
TEC./SONORA: deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG)
"O Brasil não vai tributar e vai devolver o crédito. Vai diminuir o custo. Você vai exportar sem imposto e todo o resíduo tributário das cadeias anteriores serão devolvidos. Se a cadeia é curta, [projeta-se] 8% de ganho de produtividade. Se a cadeia é longa, até 16%."
LOC.: Depois de passar pela Câmara dos Deputados, a proposta que detalha como vai funcionar o novo sistema tributário segue para o Senado.