LOC.: A reforma tributária nasceu com duas bandeiras: simplificar impostos e acabar com a cumulatividade. Ou seja, evitar que sejam cobrados impostos sobre impostos, ao longo da cadeia produtiva. Agora, a cobrança de tributos será feita de uma vez só no local onde o bem é consumido e não onde é produzido.
Uma das consequências é o fim da guerra fiscal entre os estados, que não podem mais conceder benefícios fiscais para atrair empresas e aumentar a arrecadação.
Até lá, uma das premissas do novo modelo fiscal, é respeitar os incentivos já existentes, como explica o presidente do Conselho Temático para Assuntos Tributários e Fiscais da Confederação Nacional da Indústria, a CNI, Armando Monteiro Neto.
TEC/SONORA: Armando Monteiro Neto, presidente do Conselho temático para assuntos tributários e fiscais da CNI
“Na transição, como o imposto velho vai ficando menor, os incentivos vão sendo descalibrados. Um exemplo disso é que quando iniciar o período de transição do IBS, a cada ano ele vai diminuindo 20% e o imposto novo vai entrando.”
LOC: Na prática, as empresas que investiram milhares de reais em parques industriais — atraídas pelos incentivos fiscais dados anteriormente pelos estados — não vão ficar descobertas. Para isso, a reforma criou o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais, que vai compensar as empresas beneficiárias de isenções, incentivos e benefícios fiscais relativos ao ICMS.
Com um orçamento de R$ 160 bilhões, ao longo de oito anos, as devidas compensações serão feitas às empresas entre 2025 e 2032, com valores repassados anualmente.
O Luis Claudio Yukio Vatari, advogado tributarista e sócio do Toledo Marchetti Advogados, acredita que o Comitê Gestor do IBS deveria participar da habilitação das empresas que querem a recomposição do benefício pelo fundo, para compensar eventuais perdas pelos benefícios que já têm.
O Comitê Gestor do IBS — que ainda será criado — terá a função de cobrar, fiscalizar e distribuir o imposto, que substitui ICMS e ISS, entre as 27 Unidades da Federação.
TEC/SONORA: Yukio Toledo Marchetti, advogado tributarista
"Como esse comitê será formado por representantes das 27 UFs, as empresas também poderão ter muita ajuda desses estados para receber este retorno. Mas para evitar ter dois canais seria interessante que o comitê já fizesse parte desde o começo."
LOC.: O advogado explica que o ICMS hoje aplica alíquotas diferentes nos diversos estados, mas com a implantação do IBS, a alíquota será unificada para todos os estados, e para todos os serviços. A mudança pode fazer com que o estado perca arrecadação, o que será compensado por um outro fundo: o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional.
Ele terá como função diminuir as desigualdades regionais e sociais, por meio de repasses feitos aos estados pela União.
Reportagem, Lívia Braz