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Quilombolas da microrregião de Santarém, no Pará, começaram a ser imunizados contra a Covid-19. Além do município de Santarém, a microrregião da área central da Amazônia também abrange as cidades de Prainha, Monte Alegre e Alenquer. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lá vivem cerca de nove mil pessoas autodeclaradas quilombolas, ou seja, descendentes e remanescentes de escravos fugitivos.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito”.
Apesar dos quilombolas serem prioridade no Plano Nacional de Imunização, a vacinação deste grupo segue em ritmo lento na região. Até o fechamento desta reportagem, 2.923 pessoas tomaram a primeira dose da vacina contra o coronavírus e apenas 300 receberam a dose reforço, segundo dados do Ministério da Saúde.
Santarém foi a cidade que mais vacinou. Mais de 1.608 quilombolas, entre 18 e 59 anos, tomaram a primeira dose do imunizante. O número não inclui os idosos acima dos 60 anos, pois eles estão inseridos em outra fase do calendário de vacinação. A coordenadora de Atenção Básica em Saúde de Santarém, Irlaine Figueira, explica que o município possui cerca de doze comunidades quilombolas, certificadas pela Fundação Cultural Palmares, onde moram 900 famílias. A maioria dessas comunidades está em local de difícil acesso e, por isso, as equipes de saúde precisam se dirigir até elas para realizar a imunização.
“A vacinação é realizada na própria comunidade. Nós tivemos o deslocamento da equipe até essas populações, com exceção de algumas pessoas que, por exemplo, estudam nível superior e estão nas universidades. A Federação Quilombola nos solicitou que (a vacinação) fosse feita na sede da Federação para essas pessoas. Então, nós montamos onze equipes de trabalho para se fazer (a vacinação) nas comunidades e uma equipe para a Federação”, explicou Irlaine.
Ainda segundo a coordenadora, a dose reforço do imunizante para quem já tomou a primeira está programada para ser aplicada a partir de agosto. Ela reforça que todas as pessoas imunizadas devem continuar seguindo os protocolos de segurança até que a maior parte da população esteja totalmente vacinada. “A gente orienta que, mesmo depois da vacinação, se mantenha os cuidados de prevenção. Como o uso da máscara, a higiene constante das mãos, do ambiente, evitar aglomerações”, disse.
Um dos primeiros quilombolas que receberam a vacina foi Marluce Coelho, de 27 anos, moradora do Quilombo de Nova Vista de Tuqui. Para a estudante, receber a vacina significa um ato de resistência. “Pra nós que somos quilombolas, moramos em regiões ribeirinhas, aqui em Santarém, receber a vacina é um ato de resistência. A gente teve lutas pra estar sendo vacinado e não foi fácil, mas a gente conseguiu. Então, pra mim, como quilombola, além de um ato de resistência, de dizer, estamos aqui, também é uma forma de nós termos o território imunizado e nós termos nossa saúde na qual a gente utiliza pra trabalhar no dia a dia”, declarou.
Comunidades e povos tradicionais, como quilombolas, ribeirinhos e indígenas, fazem parte do Programa Nacional de Vacinação. De acordo com o Ministério da Saúde, essas populações foram incluídas como grupos prioritários porque estão mais vulneráveis à contaminação do vírus e apresentam maiores risco de agravamento da doença, já que vivem em áreas rurais sem acesso aos serviços de saúde e infraestrutura sanitária adequada. A diretora executiva da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém, Miriane Coelho, destaca a importância da imunização dos povos tradicionais.
“Nós já somos uma população que estamos distantes do acesso às políticas públicas, principalmente da cidade e vivemos em locais de difícil acesso. Ter prioridade no plano de vacinação é um direito conquistado. Nós conseguimos esse direito através de muitas lutas e, para nós, esse direito é garantia de vida, de proteção ao território, proteção à vida.”
Miriane faz um apelo para que todos os membros quilombolas procurem as unidades de saúde e se vacinem. “Convido todos os quilombolas a se imunizarem. A vacina protege a vida e protege o território, nos deixa muito mais fortes. Eu, inclusive, já fui vacinada. Estou me sentindo mais forte, sentindo meu quilombo mais protegido. Você que ainda não conseguiu se imunizar, se imunize por proteção a vida, a sua saúde, a sua família e por proteção do território também, porque a nossa vida é a garantia do nosso território vivo.”
Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico imediato. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança. Entre eles, uso de máscara de pano, lavar as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; manter os ambientes limpos e ventiladores e evitar aglomerações.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará, 53.388 quilombolas (32,85% do total) receberam a primeira dose da vacina e 11.241 mil (6,9% do total) receberam a segunda. A meta é vacinar 162.541 quilombolas. A vacina é segura e uma das principais formas de combater a pandemia no novo coronavírus. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.
Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal saude.gov.br/coronavirus ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.
Veja como está a vacinação Quilombola no seu município
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