Data de publicação: 19 de Setembro de 2023, 19:40h
LOC.: O governo quer que as empresas não possam mais deduzir da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido os juros que elas pagam aos próprios acionistas pelos investimentos que estes fazem nas companhias. Essa é a proposta do projeto de lei 4258/2023, que o Executivo enviou à Câmara dos Deputados no fim de agosto, para valer já em 2024.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Comércio e Serviços, o deputado federal Domingos Sávio, do PL de Minas Gerais, acredita que o projeto que proíbe as empresas de abaterem os juros distribuídos aos seus acionistas do imposto que elas têm a pagar vai aumentar a carga tributária sobre esses negócios.
TEC./SONORA: deputado federal Domingos Sávio (PL-MG)
"A princípio, sou contra o projeto, porque ele representa aumento de imposto e ele pode ser mais um desestímulo à retomada do crescimento que nós estamos precisando. O país está vivendo um período de baixo crescimento e você desestimular o investimento do capital próprio nas empresas pode gerar menos crescimento econômico, menos geração de emprego."
LOC.: Hoje, os acionistas pagam 15% de Imposto de Renda na pessoa física sobre o que recebem das empresas. Se o projeto for aprovado, a advogada Cristiane Costa afirma que o texto, na prática, adiciona a obrigação de as empresas recolherem 34% de impostos também. Logo, empresas e investidores seriam tributados.
TEC./SONORA: Cristiane Costa, advogada
"Eles estão acabando com o JCP porque ninguém vai querer pagar 34 mais 15. Torna muito caro o JCP, que perde o sentido. O acionista que vai continuar tendo participação na empresa, para ele, provavelmente, vai ser muito mais interessante distribuir dividendos, porque também vai ter a tributação de 34% [de IRPJ e CSLL], como o JCP teria, em tese, mas não vai ter a [tributação] do acionista, porque o dividendo ainda não é tributado."
LOC.: O governo espera arrecadar cerca de dez bilhões e meio de reais com o fim do benefício fiscal.
Reportagem, Felipe Moura.