Data de publicação: 17 de Março de 2022, 04:30h, atualizado em 18 de Março de 2022, 03:57h
LOC: Uma pesquisa sobre a pobreza menstrual mostrou que mais de 713 mil meninas e mulheres vivem em locais sem acesso à chuveiro ou vaso sanitário. Ainda de acordo com o relatório do Fundo de População das Nações Unidas e do Unicef, cerca de 6 milhões e meio não têm acesso à rede de esgoto. Essa situação faz parte da chamada pobreza menstrual, que é quando a mulher não tem condições de comprar um absorvente e não tem acesso às condições de higiene necessárias no período da menstruação. Para a oficial de programa para segurança de insumos em saúde sexual e reprodutiva do Fundo de População das Nações Unidas Brasil, Nair Souza, a pobreza menstrual denuncia problemas que dificultam o desenvolvimento de meninas e mulheres.
TEC/SONORA: Nair Souza, oficial de programa para segurança de insumos em saúde sexual e reprodutiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) Brasil
“Do ponto de vista da saúde emocional, a urgência de boas condições para o cuidado da saúde eh menstrual pode vir a causar desconforto, insegurança, estresse. Contribuir pra aumentar a discriminação dessas meninas que menstruam, sentimentos de baixa autoestima. A pobreza menstrual também resulta em em sofrimento psíquico.”
LOC: A pobreza menstrual acaba acarretando também problemas de saúde físicos por uso de estratégias inadequadas para contenção do fluxo menstrual. No último Dia Internacional da Mulher, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto para regulamentar o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. Cerca 5 milhões e 600 mil mulheres que vivem em situação de vulnerabilidade serão atendidas.
O programa foi criado por lei aprovada pelo Congresso Nacional e sofreu vetos da presidência com a justificativa de falta de previsão de fontes de custeio. Para a deputada federal do Amapá Aline Gurgel, do Republicanos, a derrubada dos vetos feitos ao Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, no dia 10 de março, é um avanço para a luta das mulheres.
TEC/SONORA: Aline Gurgel, deputada federal do Amapá pelo Republicanos.
“Tenho uma atuação muito ativa dentro da bancada feminina pela minha bandeira de luta ser a defesa das mulheres das crianças eu estou sempre atenta aos projetos que venham beneficiar as mulheres. Então a derrubada do veto sobre o assunto pobreza menstrual foi de extrema importância para as mulheres que vivem em vulnerabilidade social principalmente as estudantes que não têm acesso a esse item que hoje no Brasil esse item faz parte de perfumaria. Não faz parte da cesta básica. Então, é um item caríssimo para que as meninas pobres tenham acesso”
LOC: Atualmente, um absorvente menstrual descartável custa, em média, 30 centavos. Durante o período menstrual, é necessário a troca por cerca de cinco vezes ao dia. Para tentar reduzir o custo, a deputada Aline Gurgel apresentou um projeto de lei que classifica o absorvente como um item de cesta básica. Hoje, o absorvente é considerado como item de perfumaria. Pela proposta da deputada, alguns impostos que incidem sobre os absorventes poderão ser zerados.
Reportagem, Angélica Cordova