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Uma pesquisa realizada pelo DataSenado apontou ganho de produtividade dos brasileiros no teletrabalho. Segundo os dados do levantamento, 41% das pessoas que trabalham em casa relataram melhora no rendimento laboral, enquanto 19% registraram queda na produtividade. Para 38%, o desempenho não se alterou.
Com base na pesquisa, cerca de 21 milhões de cidadãos já trabalharam ou trabalham atualmente de forma remota. Desse total, 14 milhões afirmaram que o home office se deu em razão da pandemia. O DataSenado também levantou informações relacionadas à produtividade da empresa. Para 37% dos entrevistados, o rendimento da empresa aumentou, 34% avaliaram que o desempenho se manteve o mesmo e 26% apontaram queda na produtividade.
O jornalista brasiliense Maurício Galdino, de 25 anos, mudou-se recentemente para São Paulo por conta do trabalho. Em virtude da pandemia, a empresa implementou o home office. De volta a Brasília, ele relata os benefícios do trabalho remoto.
“Voltei para Brasília e estou passando esse período na casa dos meus pais, trabalhando para essa empresa que tem a sede em São Paulo. As vantagens de se trabalhar em home office, no meu caso, foi que economizei com aluguel, transporte e evitei engarrafamentos. Ganhei tempo para me dedicar a cursos, fazer atividade física, dormir e comer melhor. Ganhei qualidade de vida”, conta.
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A pesquisa do DataSenado apontou ainda que sete em cada dez trabalhadores em home office tiveram que se adaptar ao novo formato. A dificuldade mais citada pelos entrevistados foi a falta de internet de qualidade (22%), seguida da conciliação do trabalho com as atividades domésticas (20%). Além disso, 19% dos trabalhadores tiveram redução de salário e 24% perderam algum benefício ou auxílio que era pago no modo presencial.
Por outro lado, os entrevistados também apontaram vantagens no teletrabalho. As mais citadas foram a flexibilidade de horário (28%) e o aumento do tempo para a família (24%). O não deslocamento até a empresa (24%) e a diminuição de despesas (12%) também foram lembrados. Para 49% das pessoas que participaram da pesquisa, houve aumento no nível de bem-estar pessoal, frente 23% que relataram permanecer igual e 26% que apontaram diminuição do bem-estar, em virtude do home office.
A modalidade do teletrabalho foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro em decorrência da reforma trabalhista. A interpretação dos dispositivos da lei vem sendo adotada de forma gradual. “Na legislação atual não há um controle da jornada do funcionário que realiza o teletrabalho. Surgem muitas dúvidas em relação a hora extra. É uma temática bastante delicada. Nos casos em que o trabalhador pretenda comprovar hora extra, vai ter que produzir provas, como e-mails, whatsapp”, explica a advogada trabalhista, Amanda Caroline.
Com foco nessa temática, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) 3.512/20, de autoria do senador Fabiano Contatato (Rede-ES). Pela proposta, o empregador fica obrigado a fornecer e manter os equipamentos e a infraestrutura para o home office. Também o obriga a reembolsar o trabalhador pelas despesas domésticas que aumentam com a modalidade de trabalho, como energia elétrica, telefonia e internet. Além disso, estabelece o pagamento de horas extras nos moldes do trabalho presencial.
Segundo o DataSenado, 82% dos entrevistados concordam com a remuneração de horas extras, caso a jornada de teletrabalho seja superior a oito horas diárias. Nove em cada dez entrevistados concordam que a empresa deve fornecer equipamento para que o trabalhador possa cumprir as tarefas no regime de trabalho remoto.
“No meu ponto de vista, a aprovação desse trabalho tem que acontecer de forma urgente, porque conforme a CLT determina, as questões de reembolso têm que ser feitas por contrato escrito, só que infelizmente muitos patrões não realizam esse reembolso. O trabalhador com medo de perder a renda aceita todas as imposições. O PL é positivo. É uma norma que visa conferir proteção ao trabalhador, que é a parte mais fraca da relação trabalhista”, diz Amanda Caroline.
O levantamento do DataSenado foi feito entre os dias 11 e 18 de setembro, com cinco mil brasileiros com 16 anos ou mais. As entrevistas foram feitas por telefone. O nível de confiança é de 95%. Os dados completos podem ser acessados no site do instituto de pesquisa.
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