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As mulheres estão na liderança de três em cada dez empreendimentos no Brasil. É o que aponta o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em relação aos Microempreendedores Individuais, a participação feminina chega a 48%. No entanto, segundo o Ministério da Economia, as mulheres respondem por apenas 20% das operações de crédito.
Para conscientizar a população sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho, especialmente ao empreender, tramita no Senado Federal o projeto de lei 2458/2019, que institui a Semana Nacional do Empreendedorismo Feminino. A data deve ser comemorada anualmente em novembro, em razão do Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino (19 de novembro).
A doutora em Psicologia Cultural com ênfase em Empreendedorismo Feminino pela Universidade de Brasília (UnB), Noêmia Santos, acredita que a proposta deve beneficiar o debate sobre o tema no âmbito nacional.
“Eu acredito que esse debate vai trazer importantes frutos nas cidades brasileiras, porque sabemos da importância do empreendedorismo, tanto nos grandes centros como nas pequenas cidades. Quando falamos com empreendedoras, percebemos essa necessidade de formação em temáticas relacionadas ao empreendedorismo. Então, em uma semana como essa, poderíamos ofertar cursos como financeiro, logística, contabilidade, recursos humanos, marketing, mídias sociais, dentre outros”, recomenda.
A autora do PL 2458/2019, a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF), afirma que proporcionar oportunidades para as mulheres empreenderem pode afastá-las da violência doméstica.
“Quando falamos da mulher empreendedora, estamos tirando essa mulher de um campo de vulnerabilidade. Porque muitas vezes, a mulher que não trabalha, não está fora, ela está submetida a muitas violências. Uma violência física, sexual e psicológica. Eu conheço vários grupos de mulheres que se submetem a esse ciclo de violência por serem ainda dependentes do marido. Então, quando falamos de uma mulher empreendedora, temos que entender que essa mulher tem que ter acesso ao microcrédito, tem que ter acesso à capacitação, para que ela possa empreender.”
Segundo Noêmia Santos, as mulheres possuem menos acesso ao crédito do que os homens, com taxas de juros maiores, apesar de serem melhor pagadoras.
“Isso acaba sendo um resultado de como enxergamos ainda o empreendedorismo feminino. É reconhecido pela sociedade e pelas instituições financeiras como uma extensão de alguma atividade doméstica. Então, quando falamos sobre empreendedorismo feminino, precisamos reconhecer que é um trabalho e que é, sim, um negócio. Talvez, a partir daí, as mulheres tenham mais acesso a financiamento”, avalia.
Noêmia Santos cita três políticas públicas necessárias para incentivar o empreendedorismo feminino: acesso ao financiamento; criação de espaços para as empreendedoras mostrarem seus produtos e serviços; e suporte social.
“Um espaço, onde a micro e pequena empreendedora possa apresentar seu produto, divulgar e fazer conexões com outras pessoas que também estão atuando naquela área ou em áreas correlatas. Então, eu dei o exemplo da Auê Feira, que é uma feira de pequenas artesãs em Fortaleza. Em conversa com uma das organizadoras, ela me informou que essa feira foi bem importante para o cenário daquela região, especialmente no contexto da pandemia.”
A especialista destaca a necessidade de suporte social para o empreendedorismo feminino, apontado por Ana Fontes, autora do livro Negócios: Um assunto de mulheres.
“Falta bastante suporte social para as mulheres, especialmente para aquelas que exercem alguma atividade denominada como reprodutiva, isso é, quando a mulher além de trabalhar, empreender, ela também precisa cuidar de algum membro da família. Então toda e qualquer política pública, que pudesse oferecer suporte para essas mulheres, com certeza seria uma política pública de forte impacto social.”
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Para apoiar estratégias que promovam o aumento da diversidade e a participação da liderança feminino no setor empresarial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou o Fórum Nacional da Mulher Empresária.
O órgão é presidido pela diretora do Grupo Bandeirante, Mônica Monteiro, e composto por 30 conselheiras de diversos setores do empreendedorismo. Juntas, elas são responsáveis por formular e acompanhar as políticas de contratação sem distinção de gênero, o desenvolvimento de competências, a ampliação da diversidade na indústria e a expansão de oportunidades para empresas lideradas por mulheres.
A presidente do fórum Mônica Monteiro ressaltou a luta histórica das mulheres por direitos e independência financeira.
“A história da conquista do direito da mulher é um processo muito lento e doloroso. Mas nada disso será definitivo e capaz de gerar transformação real, se as mulheres não tiverem acesso à independência financeira. E isso passa por acesso a salários iguais aos homens e melhoria de acesso ao crédito para poder empreender sem grandes dificuldades.”
O presidente da CNI, Robson Andrade, destacou o papel da mulher no crescimento da indústria brasileira.
“Esse empreendedorismo, garra, vontade, conhecimento, inteligência e determinação que as mulheres têm certamente vão fazer com que a indústria brasileira possa crescer nos próximos anos e voltar a ocupar um lugar de destaque. Com o avanço da tecnologia industrial, caminhando para o 4.0, isso trouxe uma grande oportunidade para as mulheres participarem, uma vez que há um trabalho de inteligência, de capacidade de concentração, de coordenação e de liderança.”
O Fórum Nacional da Mulher Empresária também vai subsidiar a atuação brasileira na Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS, mecanismo criado pelas chefias dos países membros (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), para promover o empreendedorismo e o potencial feminino, além da inclusão de empresas femininas nas cadeias de valor globais.
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