Foto: Sérgio Vale/Agência de Notícias do Acre
Foto: Sérgio Vale/Agência de Notícias do Acre

Leptospirose: enchentes aumentam risco de contrair doença; veja como se prevenir

No estado do Rio de Janeiro, os casos aumentaram 70% nos últimos dois anos. De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, 24 pessoas foram infectadas pela doença e três faleceram de janeiro a fevereiro. A região enfrentou fortes chuvas e enchentes no começo de 2023

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Com a ocorrência de enchentes mais frequentes nos períodos de chuva pelo país, uma condição após esses desastres preocupa as autoridades: a transmissão de doenças como a leptospirose. Apenas no Rio de Janeiro, nos últimos dois anos, o número de mortes pela doença aumentou em 70%. Alguns municípios do estado sofreram com enchentes no início deste ano. De janeiro a fevereiro, 24 pessoas foram infectadas e três faleceram por conta da doença na região.

A leptospirose é uma doença bacteriana transmitida pela urina de animais infectados, principalmente ratos, que pode ser carregada pela água durante as enchentes. Quando essa água contaminada entra em contato com a pele ou mucosas, ocorre a infecção. É o que explica a médica infectologista pediátrica, Lian Padovez Cualheta. Diante disso, a especialista indica alguns cuidados para se tomar durante essas situações.

“O que a gente tem que tomar cuidado para se proteger da leptospirose é tentar ao máximo não se expor a essa chuva da enchente. Se isso for impossível, [a dica] é proteger sempre ao máximo, usar botas impermeáveis, usar luvas [...]. Porque, através desse cuidado de tampar bem o nosso corpo, a bactéria não consegue entrar”, orienta Lian.

A médica também indica higienizar bem os alimentos e a casa. “Infelizmente, as enchentes acabam levando uma lama, um barro, para dentro das nossas casas. E, essa lama é cheia de bactérias e podem ficar ali no ambiente por muito tempo”, pontua.

Sintomas e tratamento

Os sintomas iniciais da doença, segundo Padovez, são características de uma infecção qualquer e incluem febre alta, dor de cabeça, indisposição, náuseas, vômitos e diarreia, podendo levar à desidratação. Esse quadro pode durar de quatro a cinco dias. 

“Depois dessa fase, pode acontecer de o paciente evoluir com o quadro mais grave, que é quando a bactéria acaba afetando os rins e o fígado. O paciente pode apresentar um quadro de icterícia, que é o amarelamento da pele e das mucosas, e também eventos hemorrágicos”, explica a infectologista.

De acordo com a médica, o tratamento da leptospirose é feito com antibióticos. No entanto, é necessário que o paciente procure atendimento médico para que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível. A especialista também explica que, em muitos casos, a internação se faz necessária para o melhor acompanhamento do paciente. 

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Outras doenças

Além da leptospirose, Lian Padovez explica que outras doenças também podem ser transmitidas durante as enchentes, como a hepatite A, causada por um vírus que pode ser transmitido pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes humanas ou de animais. 

Também é possível que haja o surgimento de quadros de diarreia aguda, que podem ser causadas por bactérias, vírus ou parasitas presentes na água contaminada. As crianças infectadas necessitam de uma maior atenção, pois podem evoluir para quadros mais graves de desidratação.

Há, ainda, o risco de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, por conta da água parada, como dengue, chikungunya e zika. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2022, foram registrados quase 1,5 milhão de casos de dengue em todo o país, que ocasionaram mais de mil mortes.

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