Foto: Fabiano Morari/Ministério das Comunicações
Foto: Fabiano Morari/Ministério das Comunicações

Indústria cearense será um dos setores mais beneficiados com a chegada do 5G

Além de levar mais velocidade de navegação ao usuário comum, a nova tecnologia de internet móvel vai revolucionar o setor produtivo. No Ceará, a indústria, que já rende mais de R$ 24 bilhões por ano, pode ser ainda mais produtiva

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O sinal 5G foi liberado em Fortaleza (CE) no dia 5 de setembro e a tecnologia promete mais velocidade de navegação ao usuário comum. Mas é no setor produtivo que a nova tecnologia de internet móvel pode promover uma revolução. Com maior tráfego de dados, menor tempo de resposta entre envio e recebimento de comandos e a possibilidade de várias conexões em uma mesma rede, o setor produtivo do estado pode se automatizar, inserir novos maquinários e tecnologias, e otimizar os processos. 

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PIB industrial do Ceará em 2019 foi de R$ 24,4 bilhões, o que equivale a 17,1% de todo o produto interno bruto do estado, o 12º maior do país. O setor, que em 2020 superou o número de 13 mil empresas, também gera mais de 300 mil empregos, com destaque para construção, serviços industriais de utilidade pública – que deve sofrer forte evolução graças ao processo de universalização do saneamento básico – e alimentos. 

Com o 5G, a tendência é que vários processos automatizados levem a uma maior economia e organização. E isso só é possível porque estima-se que a nova internet suporte aproximadamente a conexão simultânea de um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, o que leva à evolução da Internet das Coisas (IoT), em que máquina “conversa” com máquina para produzir uma análise mais rápida de dados.

Considerado o pilar da indústria 4.0, o 5G permitirá também que a Inteligência Artificial faça ajustes de forma contínua, para que a produção se mantenha sempre de acordo com a demanda, ou ainda monitoramento 24 horas por dia e otimização de desempenho e segurança. Homero Salum, diretor de Engenharia da TIM Brasil, diz que a internet de quinta geração vai impactar não só a rotina do dia a dia do cearense, como também revolucionar diversos setores no estado.

“Com conexões melhores e mais rápidas, o 5G é capaz de conectar máquinas, objetos, coisas e pessoas. Por isso, é chamada a tecnologia do futuro. Essas características vão impactar o Brasil em inúmeros segmentos da indústria, do setor de serviços, do agronegócio e até mesmo as rotinas das pessoas dentro das casas”, aponta Salum. “Na indústria, que vai gerar máquinas e equipamentos para toda essa conectividade, o impacto será revolucionário.”

5G vai permitir que máquinas agrícolas “conversem entre si”

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Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), revela que o 5G vai impactar tanto as micro e pequenas empresas quanto as de maior porte. Para a grande indústria, a maior novidade será a possibilidade de criar redes privadas com a tecnologia, o que vai otimizar ainda mais os processos e ganhos. Ele ressalta, no entanto, que todo e qualquer produtor que tenha acesso vai começar a se beneficiar a partir de agora.

“O empresário que está incrustado dentro da cidade e que faz também o processo fabril, ou o pequeno agricultor que está na borda e pode se cobrir com esse 5G, ou um microempreendedor pode, sim, ter seus processos produtivos melhorados. Você vai ter uma indústria que vai trabalhar com 5G, esse já vai poder operar um equipamento à distância, seja um drone, um semeador, seja uma máquina agrícola, se ele já tiver acesso ao 5G. Aquelas indústrias que se prevalecem de meios mecânicos, automatizados para fazerem seu processo produtivo, se aproveitam do 5G na medida em que estão presentes”, destaca Stutz.

No Ceará, as micro e pequenas empresas são responsáveis por 93,8% do total de indústrias do estado. Somente em 2021, segundo a CNI, a indústria local exportou US$ 2,4 bilhões – o décimo maior volume no país.

O 5G que está sendo instalado nas capitais está presente principalmente na área central. No caso de Fortaleza, segundo as regras do edital, as empresas Claro, Tim e Vivo devem ativar, pelo menos, 102 estações de 5G. A Tim informou que a quantidade mínima preconizada no edital – uma antena para 100 mil habitantes – foi superada já no início da operação. Segundo a operadora, há mais de 60 equipamentos de 5G preparados para transmitir o sinal.

Hoje, o sinal abrange principalmente 31 bairros, entre eles Aldeota, Barra do Ceará, Barroso, Bom Jardim, Centro, Cocó, Cristo Redentor, De Lourdes, Dionísio Torres, Dom Lustosa, José Walter, Manuel Dias Branco, Meireles, Mucuripe, Parque Dois Irmãos, Praia do Futuro, Siqueira, Varjota e Vila União. A Claro informou que suas antenas estão presentes em 19 bairros e a Vivo em seis. Como as três operadoras atendem alguns bairros simultaneamente, são 50 os bairros que recebem o sinal de quinta geração na capital cearense.

Fortaleza recebeu o 5G no mesmo dia em que Natal (RN) e Recife (PE). A tecnologia também está presente em Belo Horizonte (MG); Curitiba (PR); Florianópolis (SC); Goiânia (GO); João Pessoa (PB); Palmas (TO); Porto Alegre (RS); Rio de Janeiro (RJ); Salvador (BA); São Paulo (SP) e Vitória (ES), além de Brasília (DF).

O cronograma inicial de ativação do 5G no Brasil previa que o sinal inicial estivesse disponível em todo o país já no fim de setembro, mas a Anatel prorrogou o prazo por até dois meses, devido a um atraso na importação de equipamentos para a limpeza da faixa onde transita a tecnologia. Com isso, nas outras 12 capitais onde o serviço ainda não está disponível, as companhias terão até 27 de novembro para ligar as estações e passar a oferecer o sinal de quinta geração.
 

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