Data de publicação: 30 de Abril de 2021, 03:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:33h
A deputada Professora Dorinha (DEM/TO) afirmou ao portal Brasil61.com que vê a educação profissional não apenas como porta de entrada ao mercado de trabalho, mas como um caminho para o desenvolvimento do País. A congressista é autora do Projeto de Lei 62/2015 — sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro na última semana — que institui a data de 23 de setembro como o Dia Nacional da Educação Profissional.
Dorinha também destacou que a criação de um dia para celebrar a educação profissional no País traz um ‘simbolismo provocativo’, já que o Brasil, na visão dela, ainda investe muito pouco nessa área.
De acordo com a edição mais recente do Anuário Brasileiro da Educação Básica, publicado pelo Todos pela Educação, apenas 18,7% dos estudantes brasileiros matriculados no ensino médio cursam o ensino profissionalizante. No Tocantins a quantidade de estudantes matriculados na educação profissional técnica é de 16,7%, 13.642 ao todo, índice inferior à média nacional.
Nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) esse índice chega a cerca de 50%. Segundo a deputada, o Brasil só vai conseguir avançar na temática quando houver mudança na política pública voltada à educação profissional.
“Eu vejo com bons olhos quando a gente tem oportunidades de ter experiências de formação que envolvam o mundo do trabalho. Eu tive a oportunidade de conhecer o evento da Alemanha, em que os jovens são formados parte na empresa e parte na escola. Acho que isso faz uma diferença enorme”, cita.
Um dos objetivos do Dia Nacional da Educação Profissional é promover discussões sobre os desafios e potencialidades dessa modalidade de educação, “fundamental para o desenvolvimento da economia, da empregabilidade e da melhoria da qualidade de vida dos brasileiros”, destaca a autora da proposta.
Emprego
Doutor em Psicologia Educacional e pesquisador do Instituto Experto Brasil, Afonso Galvão, afirma que a educação profissional é fundamental para inserir mais pessoas no mercado de trabalho, além de suprir a falta de mão de obra qualificada que diversos setores da economia acabam enfrentando.
“A educação profissional é muito importante porque é uma educação que é geradora de emprego. As pessoas saem da educação profissional qualificadas e encontram espaço no mercado de trabalho para aplicar seus conhecimentos”, destaca o especialista.
Estudos apontam que jovens com formação técnica de nível médio têm mais facilidade para entrar e se manter no mercado de trabalho do que aqueles formados no ensino médio regular.
“Dia Nacional da Educação Profissional é uma forma de valorização do ser humano no mundo do trabalho”, destaca senador Flávio Arns
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E isso vale para diferentes faixas etárias. Segundo pesquisa da Consultoria IDados, que contou com apoio da CNC, Sesc e Senac, entre 17 e 29 anos, por exemplo, os estudantes que tiveram educação profissional passaram, em média, 20,6% do tempo desocupados. Para quem fez o ensino médio regular, esse percentual sobe para 25,2%.
Para João Marcelo Borges, pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais, da Fundação Getulio Vargas, é preciso romper com a ideia de que o ensino técnico é menos importante do que o ensino superior. “Muito disso, está ligado ao nosso passado escravocrata, de um País voltado ao bacharelado, que se importa mais com títulos do que com competências, que valoriza mais o canudo e o diploma do que a capacidade efetiva de trabalho e de abordar para produtividade das firmas, organizações e do País como um todo”, critica.