Foto: reprodução/YouTube
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AGRICULTURA: Produtividade tem aumento de 400%, entre 1975 e 2020, segundo IPEA

Em entrevista exclusiva ao portal Brasil61.com, o pesquisador do IPEA, e um dos autores do estudo, José Eustáquio Ribeiro, afirmou que os principais fatores que contribuíram para esse resultado estão relacionados à ciência e à tecnologia

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A produtividade na agricultura brasileira teve aumento de 400% entre 1975 e 2020. De acordo com estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o crescimento médio da Produtividade Total dos Fatores (PTF) nesse período foi de 3,3% ao ano. Em relação ao cenário internacional, o Brasil registrou um crescimento no indicador superior à média mundial, e ficou entre os países que mais cresceram da década de 1970 em diante.

Em entrevista exclusiva ao portal Brasil61.com, o pesquisador do Ipea, e um dos autores do estudo, José Eustáquio Ribeiro, afirmou que os principais fatores que contribuíram para esse resultado estão relacionados à ciência e à tecnologia. Para ele, reformas no sistema de pesquisa e de financiamento da produção também influenciaram o quadro. 

Confira a entrevista

 

Brasil61: A produtividade na agricultura brasileira teve aumento de 400% entre 1975 e 2020. O que é esse índice e ao que se pode atribuir o resultado? 

José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do Ipea: “Esse índice de 400% está dizendo que a produtividade que tínhamos em 1975 foi multiplicada por quatro ao longo desse período. Mas, o que é esse conceito da produtividade total dos fatores. Ele pode ser entendido como um aumento do produto em que o aumento do insumo não pode explicar esse crescimento. Normalmente, ele é medido por um fator residual. Ou seja, é a diferença entre as taxas de crescimento do produto e do insumo. O Brasil liderou esse indicador da década de 70 até hoje, mas, a partir dos anos 2000, houve uma intensificação da aceleração do crescimento desse índice. O Brasil vem, sim, aumentando a produção de forma significativa e esse aumento é baseado em produtividade. Ou seja, ciência e tecnologia.”

Brasil61: Ao longo desse tempo, o Brasil promoveu diversas reformas no sistema de pesquisa e de financiamento da produção. Entre elas estão políticas de crédito e seguro, de preços, de corte dos subsídios. De que forma esses fatores podem contribuir para a evolução do setor?

José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do  Ipea: “A política de crédito busca aumentar o investimento produtivo. Quanto maior é a oferta de crédito no mercado, maior é a capacidade de o produtor fazer investimento na sua produção. A política de seguro quer manter a estabilidade conjuntural da produção, ou seja, não pode ter flutuações muito elevadas do investimento produtivo. Em um ano em que a gente tem quebra de safra, a política de seguro entra para minimizar o impacto nos investimentos produtivos. Isso também contribui para a produção. Ao falarmos em políticas de preço, como de garantia de preço mínimo, quando o preço de um produto agropecuário cai muito, o governo pode fazer interferência, e essa política garante a renda ao produtor quando o cenário, em termos de preço, é muito adverso. Em relação à corte de subsídios, você tem uma maior intervenção do governo dentro desses setores. Isso auxilia e estimula a competitividade setorial. E a questão da extensão rural serve como um fluido que vai facilitar a entrega dos novos conhecimentos ao produtor, o que retorna em inovações tecnológicas, que retornam em maior produtividade.”

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Brasil61: Diante disso, como ficou o desempenho do Brasil frente ao cenário internacional?

José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do  Ipea: “Nós fizemos um comparativo com a Alemanha, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Índia, Japão, Nova Zelândia, Portugal e também pegamos uma média mundial. Ao comparar todos esses países, do ano de 2000 a 2019, o Brasil foi o que obteve a maior taxa de crescimento anual, em torno de 3,18%. Para se ter uma ideia, em termos mundiais, essa taxa ficou em 1,66%. Ou seja, o Brasil vem crescendo a produtividade muito a frente dos seus principais competidores.”

Brasil61: O Brasil tem uma expectativa de que a safra brasileira de grãos 2021/22 atinja um novo recorde, com uma produção estimada em 271,28 milhões de toneladas. É um incremento de 6,2% sobre a temporada anterior. Esse quadro mostra a força que o Brasil tem no setor?

José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do  Ipea: “O que posso dizer é que o Brasil, dentro desse cenário, tem um ambiente muito propício ao crescimento produtivo. Em 2020, havíamos observado o pico da produção de grãos. Em 2021, nós obtivemos o segundo ano melhor em termos de safra, ou seja, mesmo com a queda que tivemos de 0,6% na safra, comparada à safra anterior, ainda foi a segunda maior na série histórica. Como você mesmo observou, há uma projeção para produção de grãos muito favorável neste ano. Eu acho que o Brasil tende a contribuir com o mundo, ofertando mais alimentos, produzindo energia, e contribuindo com a questão da sustentabilidade ambiental.”
 

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