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Data de publicação: 12 de Junho de 2022, 10:22h, atualizado em 12 de Junho de 2022, 18:24h
LOC.: A produtividade na agricultura brasileira teve aumento de 400% entre 1975 e 2020. É o que revela um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em relação ao cenário internacional, o Brasil registrou um crescimento no indicador superior à média mundial, e ficou entre os países que mais cresceram da década de 1970 em diante.
Para explicar esse quadro, convidamos o pesquisador do Ipea, José Eustáquio Ribeiro, que também é um dos autores do estudo.
Eustáquio, a produtividade na agricultura brasileira contou com esse salto de 400% entre 1975 e 2020. Primeiro, o que exatamente esse índice avalia e, segundo, a que se pode atribuir o resultado?
TEC./SONORA: José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do Ipea
“Ele pode ser entendido como um aumento do produto em que o aumento do insumo não pode explicar esse crescimento. Normalmente, ele é medido por um fator residual. Ou seja, é a diferença entre as taxas de crescimento do produto e do insumo. O Brasil liderou esse indicador da década de 70 até hoje, mas, a partir dos anos 2000, houve uma intensificação da aceleração do crescimento desse índice. O Brasil vem sim aumentando a produção de forma significativa e esse aumento é baseado em produtividade. Ou seja, ciência e tecnologia.”
LOC.: Ao longo desse tempo, o Brasil promoveu diversas reformas no sistema de pesquisa e de financiamento da produção. Entre elas estão políticas de crédito e seguro, de preços, de corte dos subsídios. De que forma esses fatores podem contribuir para a evolução do setor?
TEC./SONORA: José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do Ipea
"A política de crédito busca aumentar o investimento produtivo. Quanto maior é a oferta de crédito no mercado, maior é a capacidade de o produtor fazer investimento na sua produção. A política de seguro quer manter a estabilidade conjuntural da produção, ou seja, não pode ter flutuações muito elevadas do investimento produtivo. Ao falarmos em políticas de preço, quando o preço de um produto agropecuário cai muito, o governo pode fazer interferência, e essa política garante a renda ao produtor quando o cenário, em termos de preço, é muito adverso. Em relação à corte de subsídios, você tem uma maior intervenção do governo dentro desses setores. Isso auxilia e estimula a competitividade setorial.”
LOC.: Diante disso, como ficou o desempenho do Brasil frente ao cenário internacional?
TEC./SONORA: José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do Ipea
“Nós fizemos um comparativo com a Alemanha, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Índia, Japão, Nova Zelândia, Portugal e também pegamos uma média mundial. Ao comparar todos esses países, do ano de 2000 a 2019, o Brasil foi o que obteve a maior taxa de crescimento anual, em torno de 3,18%. Para se ter uma ideia, em termos mundial, essa taxa ficou em 1,66%. Ou seja, o Brasil vem crescendo a produtividade muito a frente dos seus principais competidores.”
LOC.: O Brasil tem uma expectativa de que a safra brasileira de grãos 2021/22 atinja um novo recorde, com uma produção estimada em mais de duzentos e setenta e um milhões de toneladas. Esse quadro mostra a força que o Brasil tem no setor?
TEC./SONORA: José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do Ipea
“O que posso dizer é que o Brasil, dentro desse cenário, tem um ambiente muito propício ao crescimento produtivo. Em 2020, havíamos observado o pico da produção de grãos. Em 2021, nós obtivemos o segundo ano melhor em termos de safra. Como você mesmo observou, há uma projeção para produção de grãos muito favorável neste ano. Eu acho que o Brasil tende a contribuir com o mundo, ofertando mais alimentos, produzindo energia, e contribuindo com a questão da sustentabilidade ambiental.”
LOC.: Chegamos ao final da nossa entrevista. José Eustáquio Ribeiro, obrigado e até uma nova oportunidade. Nós conversamos com o pesquisador do Ipea sobre o crescimento de 400% na produtividade da agricultura brasileira entre 1975 e 2020, o que coloca o país na frente dos principais competidores.
Reportagem, Marquezan Araújo