LOC.: Para estar em dia com os impostos, as empresas brasileiras gastam até trezentos e dez bilhões de reais a mais do que gastariam se estivessem instaladas em algum país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE.
O sistema tributário é o segundo maior vilão do chamado Custo Brasil – conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que atrapalham o desenvolvimento do país. Segundo estudo do Movimento Brasil Competitivo, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Custo Brasil passou de um trilhão e meio para um trilhão e setecentos bilhões de reais. Na prática, um de cada cinco reais que as empresas brasileiras gastam a mais para produzir no país se deve ao sistema tributário.
O economista Roberto Dardis explica que o sistema é difícil de entender, principalmente pelas diferenças que existem na cobrança de impostos. Tal complexidade exige mais profissionais para apurar e pagar os tributos, o que encarece os preços para os consumidores.
TEC./SONORA: Roberto Dardis, economista
"Dentro de uma empresa, tem um batalhão de profissionais só para fazer esse tipo de coisa. É muito trabalho para uma empresa fazer um serviço que deveria ser prático. Infelizmente não é. É oneroso para ela. O custo também aumenta em função disso e tudo vai sobrar no ponto final, que é o produto que vai ser encarecido. Isso deveria ter sido corrigido há muito tempo".
LOC.: No Congresso Nacional, duas propostas de emenda à Constituição que pretendem reformar o sistema tributário estão mais avançadas nos debates. A principal semelhança entre elas é a união dos impostos federais, estaduais e municipais sobre o consumo em um único tributo.
O advogado Arnaldo Sampaio, professor de Teoria Geral do Estado, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, acredita que qualquer um dos textos conseguiria resolver a complexidade do atual modelo. Mas ele vai além: mesmo que não ocorra diminuição da carga tributária, a simplificação do sistema já vai diminuir os custos para as empresas.
TEC./SONORA: Arnaldo Sampaio, advogado e professor de teoria geral do Estado da Faculdade de Direito da USP
"Há vários estudos que apontam que esta reforma tributária iria ter como resultado o aquecimento do modelo econômico e uma ampliação do nosso Produto Interno Bruto. Então, eu tenho a impressão que a reforma tributária tende naturalmente a reduzir a carga tributária, liberando recursos do setor produtivo que teria como resultado e como benefício o Brasil como um todo".
LOC.: Na Câmara dos Deputados, o grupo de trabalho criado para debater a reforma tributária prometeu divulgar o relatório no início de junho. O governo trabalha com a ideia de aprovar o texto da reforma antes do recesso parlamentar para, no segundo semestre, levar a discussão ao Senado.
Reportagem, Felipe Moura.