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A vacinação contra a Covid-19 chegou para os povos tradicionais quilombolas da região de Valença, no sul da Bahia. A microrregião é formada pelos municípios de Valença, Camamu, Ituberá e outras sete cidades, que juntas concentram mais de 19.200 pessoas autodeclaradas descendentes e remanescentes de escravizados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o IBGE, apenas os municípios Presidente Tancredo Neves e Piraí do Norte não possuem quilombolas. Até o fechamento desta reportagem, 8.487 pessoas tomaram a primeira dose da vacina, e 402 receberam a dose reforço do imunizante, segundo dados do Ministério da Saúde.
Número de quilombolas vacinados com a primeira e a segunda dose na microrregião de Valença:
Município | 1ª Dose | 2ª Dose |
---|---|---|
Cairu | 2.592 | 231 |
Camamu | 1534 | 10 |
Igrapiúna | 303 | 25 |
Ituberá | 481 | 2 |
Maraú | 2.478 | 99 |
Nilo Peçanha | 0 | 0 |
Piraí do Norte | 0 | 0 |
Presidente Tancredo Neves | 0 | 0 |
Taperoá | 369 | 33 |
Valença | 730 | 2 |
No município de Camamu, a 200 quilômetros de Salvador, 1.534 quilombolas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. 10 membros dessas comunidades também já estão imunizados, porque receberam a segunda dose. Desde o início da pandemia até 10 de junho, o município registrou 2.201 casos de infecção pelo novo coronavírus. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde da Bahia não sabem precisar quantos óbitos ocorreram neste período. Entre os quilombolas, a pasta estadual informou que não há dados estatísticos oficiais sobre o impacto do vírus. Ao todo, a cidade tem uma população de 6.283 quilombolas divididos em 10 territórios remanescentes reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares.
A secretária de Saúde de Camamu, Thársia Oliveira de Menezes, afirma que nesta primeira etapa de imunização, foram vacinados com a primeira dose da vacina os quilombolas com comorbidades, idosos com mais de 60 anos e os moradores de comunidades mais isoladas.
“Se for um local muito distante do município, nós optamos por vacinar todas as pessoas acima de 18 anos. Mas se for uma comunidade próxima ao município, nós vamos fazer por faixa etária. Sempre que recebemos essas doses, montamos a logística, e a equipe de saúde mais próxima da comunidade quilombola se desloca até eles e nós agendamos em algum local que tenha um espaço físico adequado para recebê-los. Isso pode acontecer tanto em escolas ou na própria unidade de saúde”, explicou.
Segundo a secretária, o município conseguiu avançar a imunização entre os quilombolas que são portadores de algum tipo de comorbidade, grupo prioritário no Programa Nacional de Imunização do governo federal. “Nós conseguimos avançar nos quilombos com as doses que vieram disponíveis para as pessoas com comorbidades. Avançamos utilizando esse critério.”
É o caso da professora Marileide Silva Batista, de 42 anos, moradora do quilombo de Itapuia. Ela tem comorbidades e foi infectada pelo coronavírus mesmo depois de receber a primeira dose da vacina. Ela conta que não precisou ser hospitalizada e atribui isso ao uso do imunizante.
“Se não fosse a vacina, com os problemas de saúde que tenho, jamais teria passado como passei, seria pior e sabe Deus se eu não viria a óbito. Agora, que venha a segunda dose”, comemorou.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Camamu, mesmo aqueles que já tomaram as duas doses da vacina devem continuar respeitando as medidas de proteção recomendadas pelo Ministério da Saúde, até que a maior parte da população seja imunizada. “Estamos orientando sobre a importância de manter o distanciamento social, o uso de máscaras sempre ao sair de suas casas. Também a importância da constante higienização das mãos e a utilização de álcool em gel”, disse a secretária Thársia Oliveira.
Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico imediato. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança. Entre eles, uso de máscara de pano, lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventilados e evite aglomerações.
Os quilombolas são prioridades no calendário nacional de imunização do Ministério da Saúde. A presidente da Associação de Moradores Remanescentes de Quilombos de Itapuia, Rozenita Santos da Luz, lembra que os povos tradicionais são os mais vulneráveis por viverem em áreas rurais sem acesso aos serviços de saúde e, às vezes, sem infraestrutura adequada para cuidados básicos de higiene que evitam a proliferação de doenças. Ela faz um apelo para que todos os membros quilombolas da região se vacinem.
“A pandemia em nosso território tem levado à morte de muitos irmãos e irmãs. A vacina para o nosso povo foi e continua sendo uma luta. Não perca tempo. Procure sua liderança, procure o agente de saúde da sua comunidade, faça seu cadastro, vá ao posto de saúde e tome sua vacina. Vacina já!”, alertou.
De acordo com o Ministério da Saúde, a Bahia recebeu 8.348.770 doses da vacina contra a Covid-19. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, até o dia 24 de junho, 135.554 quilombolas tomaram a primeira dose do imunizante e 17.280 receberam a dose reforço. A vacina é segura e uma das principais formas de combater a pandemia no novo coronavírus. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.
Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal saude.gov.br/coronavirus ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.
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