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O número de mulheres inadimplentes chegou ao patamar de 30,3%, em fevereiro de 2023. É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Já os homens, nessa mesma categoria, correspondem a 29,1% dos inadimplentes.
O estudo também evidencia que 79,5% das mulheres estavam com alguma dívida em fevereiro, o que representa uma alta de 1,1 ponto percentual em comparação com janeiro. No sentido oposto, os homens tiveram uma queda de 0,1% no endividamento, em relação ao mesmo período. O levantamento aponta que a informalidade empregatícia está entre os fatores responsáveis pelo quadro de maior endividamento das mulheres, o que ocasiona a vulnerabilidade de renda.
O especialista em relações institucionais, governamentais e gestão pública da Fundação da Liberdade Econômica, Eduardo Fayet, explica que outros fatores do contexto brasileiro também contribuem para o aumento da inadimplência nesse período, como a elevação da inflação e, consequentemente, a perda de renda.
“O segundo fator que tem influenciado bastante é o aumento de juros. Quando a pessoa se endivida, com os juros altos, ela obviamente precisa pagar mais caro pelo dinheiro que precisa tomar para que consiga pagar as suas contas. Outro fator importante é a relação emprego/renda”, afirma Fayet.
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Entre as modalidades de curto prazo que têm concentrado o endividamento do público feminino está o cartão de crédito (86,5%). Em seguida está o endividamento em carnês de lojas (19%), e o crédito consignado (5,9%). Nas outras modalidades, como cheque especial, crédito pessoal, cheque pré-datado, financiamento de casa, de carro e outras dívidas, os homens superam a proporção de endividados.
De acordo com o levantamento feito pela CNC, apesar de as mulheres serem o grupo com mais endividamento no país, elas são as que mais procuram pagar suas dívidas o mais rápido possível. Enquanto as mulheres ficaram em média 62 dias sem quitar seus débitos, os homens passaram, em média, 65,3 dias.
Outro indicador que cresceu em fevereiro foi o endividamento das famílias, chegando a 78,3%, puxado, principalmente, pelo endividamento das mulheres, segundo o estudo da CNC. Nessa categoria, houve um aumento de 0,3% das famílias que relataram ter dívidas a vencer. Desse total, 17,1% revelaram estar muito endividadas, indicador que também apresentou crescimento após quedas desde novembro do ano passado.
De acordo com Fayet, as perspectivas para os próximos meses são de que as instituições promovam medidas para melhorar questões relacionadas à renda, à redução de juros, com a tentativa de controle da inflação. “As instituições, o Estado brasileiro, o governo, o Banco Central e, de uma certa forma, até o mercado têm olhado isso com bastante cuidado para que as famílias brasileiras possam passar a trabalhar uma equalização da sua renda e melhorar o nível de renda, o poder de compra das famílias”, indica.
Segundo a pesquisa, a cada 100 consumidores inadimplentes, 44 chegaram em fevereiro com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. O tempo médio de atraso dos pagamentos foi de 62,7 dias, o que representa o maior índice desde janeiro de 2021.
Entre os grupos de inadimplentes, a ocorrência foi maior entre pessoas que ganham de três a cinco salários mínimos por mês. No grupo mais pobre houve uma queda de 0,9 ponto percentual em fevereiro.
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