LOC.: O censo demográfico brasileiro é um recurso importante para o planejamento de políticas públicas. Quando ele deixa de acontecer ou quando os dados não correspondem à realidade, isso pode comprometer as ações dos estados e municípios na identificação das necessidades da população. Na opinião do economista Newton Marques, os municípios não têm recursos próprios para fazerem políticas públicas, eles precisam receber recursos do Fundo de Participação dos Municípios — uma transferência constitucional da União para os Estados e o Distrito Federal. Segundo o especialista, é através do número de habitantes, obtido com o censo, que é feito o cálculo para a distribuição do valor necessário para cada município.
TEC./SONORA: economista Newton Marques
“Se por acaso as pessoas não estiverem em casa e não responderem ao censo, isso pode gerar uma população abaixo do que a que realmente existe e, com isso, receber recurso menores e, assim, faltar políticas públicas”
LOC.: Para o economista Fernando Dantas, a população é um critério extremamente relevante levado em consideração para a partilha de recursos tributários, definidos pela Constituição Federal.
TEC./SONORA: economista Fernando Dantas
“É importantissimo que os dados do censo sejam periodicamente aferidos de maneira que essa partilha de recursos tributários entre os entes da federação seja mais precisa e seja mais justa. Quanto maior a população de um estado ou município maior será a partcipação nos respectivos fundos, isso signifca que estados e municípios com população maior recebem uma fatia maior dos recursos disponibilizados pelo governo federal.”
LOC.: Dados divulgados pelo IBGE apontam cerca de 4 milhões de habitantes a menos do que a projeção feita anteriormente — e 10 milhões abaixo do que a projeção publicada em 2021. Para a Confederação Nacional de Municípios, as informações não representam com fidedignidade a realidade do país. E isso impacta diretamente nos recursos transferidos aos entes locais, especialmente em relação ao Fundo de Participação dos Municípios e a diversos programas federais, que consideram o porte populacional.
Reportagem, Lívia Azevedo