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Mato Grosso registra maior crescimento percentual no número de novas empresas, aponta Ministério da Economia

Bom ambiente de negócios, com simplificação da burocracia para abertura de empreendimentos, incentivos fiscais estão entre os atrativos, segundo autoridades e especialistas

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Rápido e sem dificuldade. É assim que Fabian Júlio de Rosa, morador do município Campo Verde, em Mato Grosso, define o processo que enfrentou para abrir a própria empresa no ramo da construção civil. O pequeno negócio opera em “serviços de todos os tipos”, como ele mesmo diz. Desde a construção, passando pelo acabamento, parte elétrica e até a pintura. 

“A intenção de abrir era para ficar mais fácil para emitir nota e ficar dentro da lei. Graça a Deus no ramo que eu abri, da construção, sempre tem serviço. Mesmo que seja pouco, sempre tem. Eu não posso reclamar que não está bom. Ainda consigo trabalhar com a construção civil”, afirma. 

Fabian conta que deu entrada no processo para abrir o próprio negócio em dezembro do ano passado. Logo no início de 2020, já estava tudo regularizado. “Foi rápido. Eu é que demorei para ir lá”, conta ao se referir ao período em que deixou a documentação para análise na Junta Comercial de Mato Grosso (Jucemat). 

E ao que parece, outros empreendedores pensam o mesmo. Isso porque, de acordo com o Boletim do Mapa das Empresas, do Ministério da Economia, Mato Grosso foi o estado que teve o maior crescimento percentual de empresas abertas nos quatro primeiros meses do ano. 

Entre janeiro e abril houve aumento de 19,1% no número de novos negócios na comparação com os quatro últimos meses do ano passado, percentual que surpreende em meio ao impacto econômico da pandemia da Covid-19. Em relação ao primeiro quadrimestre de 2019, o resultado também foi positivo: crescimento de 5,8%. 

O estado também é o dono do maior crescimento no número de empresários individuais. Para ser mais exato, 17.623 empreendedores solo abriram a própria empresa em Mato Grosso nos primeiros quatro meses do ano, aumento de 23,3% em relação ao último quadrimestre do ano passado (de setembro a dezembro) e de 7,7% na comparação com o primeiro quadrimestre de 2019. 

Para César Miranda, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, os resultados positivos são consequência de medidas que o governo estadual adota desde o ano passado. Entre elas estão o ajuste fiscal, com aumento de receitas e a diminuição das despesas, investimentos em segurança pública e a aprovação de uma lei que instituiu os incentivos fiscais às empresas do estado. 

“Quem vai investir em um estado em que as viaturas de polícia estão sem gasolina? Resumindo tudo o que foi feito, é aquela frase: criando um seguro e bom ambiente de negócios.” 

Segundo Fernando Tadeu, vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Mato Grosso (Corecon-MT), o crescimento na quantidade de empresas é resultado de uma articulação entre o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e a Jucemat.

“A parceria que foi estabelecida do Sebrae com a Jucemat levou a esse processo de modernização para grande parte dos municípios mato-grossenses. O resultado foi que essas pessoas que estavam desencorajadas para entrarem no mercado passaram a acreditar ser possível empreender e fortalecer o sonho de oferecer algum serviço, alguma atividade e, com isso, ajudar o país”, avalia. 

Arte: Brasil 61

Bom ambiente de negócios

Uma das explicações para o clima favorável ao empreendimento no estado é a velocidade no processo de abertura de uma nova empresa. De acordo com o Ministério da Economia, esse tempo é de apenas um dia e 22 horas, o que faz de Mato Grosso um dos melhores no país neste quesito. O prazo já chegou a ser de três meses, de acordo com a presidente da Jucemat, Gercimira Resende. 

“Antigamente você ia na Junta Comercial e se preparava para perder o dia. Hoje você chega lá, não tem mais carro no estacionamento. Isso é fundamental”, afirma o secretário, César Miranda. 

Fernando Tadeu elenca as características que fazem do estado tão atrativo aos novos empresários. “O incentivo do governo, a simplificação de registro e legalização de empresas e negócios com as prefeituras passaram a facilitar a vida do empreendedor. A região oferece oportunidades, perspectivas de negócios e isso estimula o empreendedor”, cita.  

Incentivos

E não é apenas a abertura de um novo negócio que o estado de Mato Grosso tem tentado tornar mais fácil. Neste mês, o estado digitalizou todo o processo necessário para que os empresários consigam linha de crédito junto ao Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). 

É o que explica o secretário César Miranda. “Acabou aquilo da pessoa que precisa pegar um financiamento através do FCO de contratar um projetista, de ir numa agência bancária, dar entrada em um calhamaço de papel… É tudo digitalizado. A pessoa vai entrar [no site], preencher, o banco já analisa, a secretaria já analisa. Você ganha agilidade, transparência e o custo diminui”, garante. 

Além disso, ele afirma que a administração estadual tem se esforçado para manter as conquistas e minimizar os impactos econômicos da pandemia da Covid-19 sobre as empresas locais. “A nível de política tributária tem sido feito tudo que é possível, como parcelamento de dívidas, de impostos, como IPVA, que também foram prorrogados”. César diz que apesar dos problemas, a economia do estado conseguiu se manter “aquecida” e brinca: “se não fosse a pandemia do coronavírus, nós íamos entrar em 2021 e o Brasil não iria mais enxergar Mato Grosso”. 

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Cuiabá lidera

De acordo com a Junta Comercial de Mato Grosso (Jucemat), 5.993 empresas foram abertas no estado, entre janeiro e abril deste ano. O setor de serviços corresponde a 52% dos novos negócios, com 3.149 empresas. Em seguida, vêm o comércio, a indústria e o setor de agropecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. 

Cuiabá, a capital do estado puxou o crescimento, com a abertura de 1.133 novas empresas. Sinop (325), Rondonópolis (317), Várzea Grande (314) e Sorriso (206) completam a lista dos cinco municípios que tiveram mais negócios abertos no período. 

Quando o assunto é Microempreendedor Individual (MEI), a capital do estado também lidera as estatísticas. Lá, mais de 4,3 mil pessoas deram início ao próprio empreendimento nos primeiros quatro meses do ano. As cidades de Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde vêm logo atrás. 

Arte: Brasil 61

Panorama Nacional

Em todo o país, 1.038.030 empresas foram abertas no primeiro quadrimestre do ano. Isso significa um aumento de 1,2% na comparação com os quatro últimos meses de 2019 e uma queda de 1,1% em relação ao primeiro quadrimestre, também de 2019. 

Entre janeiro a abril, 351.181 empresas fecharam as portas no Brasil, número 6,6% inferior ao registrado no último quadrimestre do ano passado e 12% menor na comparação com os quatro primeiros meses de 2019. 

De acordo com o Ministério da Economia, o saldo total foi de 686.849 empresas abertas, o que fez o país alcançar quase 18,5 milhões de empreendimentos. 

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