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Data de publicação: 17 de Agosto de 2020, 17:00h
Essenciais para redução do contágio do novo coronavírus, insumos exigiram logística de transporte de guerra
SOBE SOM – (BARULHO DE BARCO NO RIO)
LOC.: Pelas águas do Rio Negro, no Amazonas, o médico Guilherme Reis Monção, 35 anos, percorre quilômetros no atendimento à população de São Gabriel da Cachoeira, próximo às fronteiras com Colômbia e Venezuela, município com maior concentração de indígenas do Brasil – cerca de 90% dos quase 45 mil habitantes.
TRILHA (MÚSICA COM AÇÃO, AVENTURA. DEIXAR A MESMA ATE O FINAL DA MATÉRIA OSCILANDO POR CONTA DAS SONORAS)
São 23 povos e mais de 600 comunidades. Há um ano e meio como profissional de saúde de povos tradicionais, Guilherme enfrenta o maior desafio da carreira: trabalhar no controle de uma pandemia. Junto com ele no trajeto entre uma comunidade e outra, há sempre toucas, luvas, aventais, e, claro, máscaras de proteção, do tipo N95. O material é tido pelas autoridades de saúde como fundamental para diminuição da disseminação do novo coronavírus, já que o agente causador da Covid-19 se espalha facilmente pelo ar. Em locais que reúnem grande quantidade de povos indígenas, o uso da máscara é indispensável.
O médico explica sobre a importância dos insumos na prevenção ao contagio do coronavírus.
TEC./SONORA: Guilherme Reis, médico
“A máscara segura a concentração do vírus. Existe, sim, proteção. O profissional de saúde quando vai para uma comunidade indígena precisa de uma máscara mais segura.”
LOC.: Com o mundo inteiro de olho na China para aquisição de produtos de saúde, a demanda repentina por aviões cargueiros se apresentou como um dos obstáculos a serem superados na busca das máscaras.
A solução para o transporte dos insumos foi a adaptação de cinco aeronaves do modelo Boeing 777, utilizada para transporte de passageiros, para serem preenchidas com carga. O primeiro voo carregado com o insumo chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos em 6 de maio. O último, proveniente de Guangzhou, pousou em São Paulo na noite de 19 de julho. A importação, ao todo, somou 240 milhões de unidades.
O secretário-nacional de Aviação Civil, Ronei Saggioro Glanzmann, destaca a importância do espaço a mais nas aeronaves adaptadas.
TEC./SONORA: Ronei Saggioro Glanzmann, secretário-nacional de Aviação Civil
“Foram mais de mil toneladas de máscaras. A maior parte dos equipamentos de proteção é feita na China. Tínhamos mercados muito pesados, como Estados Unidos, Europa, África, todos comprando e trazendo de avião. O que estava mais difícil de encontrar naquele momento eram os aviões de carga. Os aviões foram adaptados para transportar carga tanto nos porões, que é a parte de baixo da aeronave, mas também nas cabines, onde vão os passageiros. Como era um produto com peso baixo, mas com volumetria muito grande, esse ganho de espaço nas cabines foi fundamental.”
LOC.: Uma vez em território nacional, a distribuição das máscaras importadas inicia uma nova fase da logística de transporte. Ao desembarcarem em São Paulo, os insumos são armazenados em um depósito do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, próximo ao aeroporto de Guarulhos.
Para a região Sudeste, Sul e algumas partes do Centro-Oeste, a distribuição é feita utilizando a malha rodoviária, principal modal utilizado para escoamento de carga no Brasil. Para as regiões mais distantes do ponto de chegada dos insumos de saúde, como o Norte e o Nordeste, o transporte dos materiais é feito via aérea, em porões de aeronaves de passageiros da malha doméstica e em aviões de carga.
O engenheiro e ex-secretário de Política Nacional de Transportes do então Ministério dos Transportes do primeiro mandato do ex-presidente Lula, José Augusto Valente, explica as vantagens do modal rodoviário brasileiro para o transporte de cargas.
TEC./SONORA: José Augusto Valente, engenheiro e ex-secretário de Política Nacional de Transportes.
“O modal rodoviário traz segurança, do ponto de vista de que vai ser transportado naquele momento e que a carga vai chegar em bom estado. Nessa questão, o rodoviário ganha dos outros modais. Como estamos falando de uma carga de alto valor, como produtos de saúde, não cabe ser transportado pela malha ferroviária. Caminhões, por exemplo, oferecem um custo de frete a altura da carga que ele transporta. O rodoviário oferece as melhores condições para cargas de valor agregado.”
LOC.: São Gabriel da Cachoeira, também conhecido como “Cabeça do Cachorro”, é um dos muitos lugares no Brasil por onde só se chega de avião ou de barco. Parte dos insumos trazidos de fora do país foi distribuído aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), e de lá, encaminhados às comunidades de mais difícil acesso, via aérea e fluvial.
Com suporte do Comando Logístico do Exército, por meio do Centro de Coordenação de Operações Logísticas, foram realizadas mais de dez coordenações de apoio com a Força Aérea Brasileira (FAB), particularmente para a Amazônia, e missões de transporte hidroviário para regiões sem acesso rodoviário, tais como São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga, distante cerca de 500 quilômetros.
SOBE TRILHA
LOC.: Obrigada por nos acompanhar até aqui. Eu sou Thiago Marcolini e essa reportagem contou com produção de Ana Lustosa, edição de Luciana Bueno e trabalhos técnicos de XXXXX. Até a próxima, tchau!