LOC.: O mundo ainda vive dias de tensão em meio à pandemia causada pela Covid-19, e ainda não sabemos quando ela irá voltar à normalidade. Neste mês a maior parte das escolas pelo Brasil vão retomar as aulas presenciais. Por isso, o portal Brasil61.com conversou, com exclusividade, com o especialista em políticas educacionais Ivan Gontijo. Ele é economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor de matemática e coordenador de projetos do Todos Pela Educação - uma organização da sociedade civil que monitora as políticas públicas de educação no País. Professor, qual o balanço o senhor faz da educação em 2020?
TEC./SONORA: Ivan Gontijo, especialista em políticas educacionais.
“A educação está vivendo um dos momentos mais difíceis da história com o fechamento das escolas. No ano passado tivemos o fechamento das escolas em março e de outros setores no início da pandemia. O ano de 2020, se formos fazer um balanço, foi o ano mais desafiador da educação básica, e o fechamento das escolas têm impactos brutais.”
LOC.: Com muitas escolas retomando as atividades presenciais, qual a importância das prefeituras, das instituições de ensino e os pais se mobilizem para agir de forma a complementar as ações uns dos outros?
TEC./SONORA: Ivan Gontijo, especialista em políticas educacionais.
“Temos duas estratégias que me parecem muito acertadas, a primeira é conseguir disponibilizar os meios para esses alunos estudarem. E outra estratégia é manter a proximidade dos estudantes e suas famílias junto às escolas, porque quando se perde esse vínculo, o aprendizado é mais difícil e a evasão escolar é mais provável.”
LOC.: Enquanto a vacinação contra a Covid-19 ainda se mantém restrita a uma quantidade pequena da população, é importante manter as medidas sanitárias para proteger a saúde de alunos e profissionais da educação. Na sua opinião, professor, é importante manter as crianças na escola mesmo diante desse cenário?
TEC./SONORA: Ivan Gontijo, especialista em políticas educacionais.
“Esse ano também será desafiador. Mas o que é interessante é que as evidências científicas mostram que as crianças transmitem muito menos o vírus, o potencial de contaminação é muito menor. Isso dá uma segurança maior para que os gestores municipais reabrirem as escolas com todos os protocolos de segurança. E é importante reabrir por conta dos impactos que são brutais, principalmente para as crianças em situação mais vulnerável.”
LOC.: Professor Gontijo, além da estrutura para aprendizagem e cuidados sanitários contra a Covid-19, é importante que os gestores municipais fiquem atentos com saúde mental de alunos e profissionais de educação?
TEC./SONORA: Ivan Gontijo, especialista em políticas educacionais.
“Com certeza a pandemia trouxe impactos à saúde mental de todo mundo, mas é importante pontuar algumas particularidades. Primeiro que o isolamento social para as crianças e jovens, a convivência cumpre um papel fundamental. E quando a gente olha para os professores, vemos uma das categorias mais afetadas pela pandemia. Isso porque a natureza do trabalho do professor é muito presencial, eles precisaram se adaptar de uma forma muito rápida e dolorosa, porque tiveram de enfrentar desafios que eles, muitas vezes, não tiveram formação para tal. Os professores tiveram impactos emocionais muito grandes.”
LOC.: Mesmo com a retomada das aulas presenciais, paira no ar aquela dúvida sobre 2020 ter sido um ano perdido para a educação. O senhor acredita que o Brasil vai ter condições de recuperar os danos da pandemia à educação?
TEC./SONORA: Ivan Gontijo, especialista em políticas educacionais.
“Não queremos ter uma geração marcada pela Covid-19 e que teve menos oportunidades. Mas estudos sobre escolas que ficaram fechadas por longos períodos, mostram que essa recuperação leva, no mínimo, três anos. É um processo lento que exige muita dedicação das secretarias e de quem está lá na ponta como professores, diretores, funcionários. Precisamos reconstruir o sistema educacional depois da pandemia.”
LOC.: Essa conversa teve participação do especialista em políticas educacionais Ivan Gontijo. Ele é economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor de matemática e coordenador de projetos do Todos Pela Educação - uma organização da sociedade civil que monitora as políticas públicas de educação no País. O Entrevistado da Semana fica por aqui e até a semana que vem.