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O mundo ainda vive dias de tensão em meio à pandemia causada pela Covid-19, e ainda não sabemos quando ela irá voltar à normalidade. Neste mês a maior parte das escolas pelo Brasil vão retomar as aulas presenciais. Por isso, o portal Brasil61.com conversou, com exclusividade, com o especialista em políticas educacionais Ivan Gontijo. Ele é economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor de matemática e coordenador de projetos do Todos Pela Educação - uma organização da sociedade civil que monitora as políticas públicas de educação no País.
De acordo com o especialista em educação, um balanço a ser feito sobre o ensino público no Brasil em 2020 é que foi um momento de adaptação e grandes impactos negativos. “A educação está vivendo um dos momentos mais difíceis da história com o fechamento das escolas. No ano passado tivemos o fechamento das escolas em março e de outros setores no início da pandemia. O ano de 2020, se formos fazer um balanço, foi o ano mais desafiador da educação básica, e o fechamento das escolas têm impactos brutais”, avaliou.
Com muitas escolas retomando as atividades presenciais é importante que as prefeituras, as instituições de ensino e os pais se mobilizem para agir de forma a complementar as ações uns dos outros, como explica o professor Gontijo. “Temos duas estratégias que me parecem muito acertadas, a primeira é conseguir disponibilizar os meios para esses alunos estudarem. E outra estratégia é manter a proximidade dos estudantes e suas famílias junto às escolas, porque quando se perde esse vínculo, o aprendizado é mais difícil e a evasão escolar é mais provável”, destacou.
Enquanto a vacinação contra a Covid-19 ainda se mantém restrita a uma quantidade pequena da população, é importante manter as medidas sanitárias para proteger a saúde de alunos e profissionais da educação.
Apesar disso, segundo o especialista Ivan Gontijo, é necessário um esforço grande para manter as crianças na escola e evitar prejuízos maiores ao ensino básico no Brasil. “Esse ano também será desafiador. Mas o que é interessante é que as evidências científicas mostram que as crianças transmitem muito menos o vírus, o potencial de contaminação é muito menor. Isso dá uma segurança maior para que os gestores municipais reabrirem as escolas com todos os protocolos de segurança. E é importante reabrir por conta dos impactos que são brutais, principalmente para as crianças em situação mais vulnerável”, afirmou.
Além da estrutura para aprendizagem e cuidados sanitários contra a Covid-19, é importante que os gestores municipais fiquem atentos com saúde mental de alunos e profissionais da educação. Para o professor, todas as pessoas foram afetadas pela pandemia, mas as instituições de ensino e seus funcionários foram mais devido ao distanciamento social. “Quando a gente olha para os professores, vemos uma das categorias mais afetadas pela pandemia. Isso porque a natureza do trabalho do professor é muito presencial. Eles precisaram se adaptar de uma forma muito rápida e dolorosa, porque tiveram de enfrentar desafios que eles, muitas vezes, não tiveram formação para tal. Os professores tiveram impactos emocionais muito grandes”, afirmou.
Mesmo com a retomada das aulas presenciais, paira no ar aquela dúvida sobre 2020 ter sido um ano perdido para a educação e, para além disso, se o Brasil vai ter condições de recuperar os danos da pandemia. Sobre esse assunto, Ivan Gontijo explicou: “não queremos ter uma geração marcada pela Covid-19 e que teve menos oportunidades. Mas estudos sobre escolas que ficaram fechadas por longos períodos, mostram que essa recuperação leva, no mínimo, três anos. É um processo lento que exige muita dedicação das secretarias e de quem está lá na ponta como professores, diretores, funcionários. Precisamos reconstruir o sistema educacional depois da pandemia.”
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