
LOC.: Mato Grosso foi o estado que mais sentiu o impacto das condições climáticas, que resultaram em dificuldades no último ano para os produtores de soja.
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja, a Aprosoja, os estados com situação mais crítica, em 2023, foram Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Paraná e São Paulo, respectivamente.
Em Sorriso, município de Mato Grosso e um dos principais produtores de soja do país, a saca de 60 kg chegou a custar R$ 90 — valor que não cobre nem os custos da produção, segundo o presidente da Aprosoja, Antônio Galvan.
TEC./SONORA: Antônio Galvan - presidente Aprosoja
“Quem colheu dentro normalidade, entre 50 e 60 sacas de soja, já teve dificuldade de pagar os custos da produção nesses preços, agora imagina aquele produtor atingido que está colhendo entre 20 e 30 sacas de soja por hectare, como ele vai fazer para cumprir com os compromissos? Quando falamos de custos de produção ainda tem os investimentos, porque não tem ninguém que não tenha sempre de 5% a 10% do seu faturamento de investimento na propriedade”.
LOC.: Entre os custos dos agricultores estão os investimentos necessários para melhorar a produção, por meio de máquinas e armazenagem, por exemplo.
A gerente administrativa do Grupo Spekken e especialista em comercialização de soja e milho, Cris Spekken, diz que este é um momento dramático para o produtor — e alerta que algo precisa acontecer para mudar o cenário.
TEC./SONORA: Cris Spekken - especialista
“Vai passar esse primeiro trimestre que tem características de ser um trimestre mais pressionado, porque é um momento de colheita, é um momento em que o produtor tem que vender produto, tem que pagar conta, e isso acaba pressionando o mercado, porque ele sabe que o produtor vai ter que ofertar o produto para vender para pagar conta”.
LOC.: Para o engenheiro agrônomo Charles Dayler, a situação deve melhorar no segundo semestre deste ano, mas os efeitos ainda devem ser sentidos por mais tempo.
TEC./SONORA: Charles Dayler - engenheiro agrônomo
“Pode ter problema de replantio, que vai atrapalhar o cronograma e isso vai afetar diretamente o preço. Pode ter perdas de insumos, as possibilidades são grandes. E para esse ano, o resultado infelizmente é negativo, porque as commodities agrícolas pesam bastante na balança comercial brasileira, então vai haver sim um impacto negativo pensando na safra deste ano. No ano que vem a tendência é que a gente tenha uma recuperação, mas vai ser um ano ainda com algum desafio”
LOC.: As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, apontam para uma colheita 149,4 milhões de toneladas nesta safra — o que representa queda de 3,4% se comparado com o volume obtido no ciclo 2022/23.
Reportagem, Yumi Kuwano