LOC.: A decisão do Banco Central em manter a taxa de juros em 13,75% não foi bem recebida pelo governo do presidente Lula. Nesta quinta-feira (4), o deputado Rubens Pereira Júnior, do PT do Maranhão, criticou o patamar da taxa Selic. Vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, ele afirmou que a taxa está prejudicando a economia.
TEC./SONORA: deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA)
"Mais uma vez o Banco Central dá as costas para a realidade. Mantém a política monetária contrária a tudo o que está sendo feito pelo governo. Aparenta ser decisões tomadas mais levando em conta a política e está prejudicando extremamente o país, especialmente a retomada econômica e a retomada dos empregos".
LOC.: Entidades do setor produtivo também discordaram do Banco Central. Em nota assinada pelo presidente Robson Braga de Andrade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que considera "equivocada" a decisão de manter os juros em 13,75% e que o cenário atual já permitiria a redução da Selic. Segundo a CNI, os juros reais estão acima do nível necessário para garantir a queda da inflação, o que acaba por encarecer o crédito e desacelerar a economia.
Segundo o economista Benito Salomão, a decisão do Bacen já era esperada. Ele afirmou que, embora o Banco Central tenha dado a entender que pode levar mais tempo para os juros começarem a cair, isso não significa que a instituição não vá reduzir a Selic ainda este ano.
TEC./SONORA: Benito Salomão, economista
"Em junho, o Copom se reúne de novo. Novas informações e novos dados vão ser incorporados na análise. E, talvez, já com o arcabouço fiscal aprovado e inflação um pouco mais cadente, talvez o Banco Central possa sinalizar uma queda de juros no próximo comunicado".
LOC.: Na avaliação do governo e de representantes do setor produtivo, os juros elevados estão dificultando o acesso ao crédito e freando a economia. O Banco Central, por outro lado, argumenta que está cumprindo o seu papel de controlar a inflação e que a cenário exige paciência.
Reportagem, Felipe Moura.