Setor mineral pretende reduzir uso de energia elétrica e água, além de aumentar áreas protegidas e eliminar risco de acidentes

As metas para os próximos dez anos foram apresentadas pelo presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) em seminário na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (19)

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Extração de minério por máquinas instaladas sobre jazidas. Foto: Ricardo Teles/Agência Brasil

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O setor mineral tem como metas para os próximos dez anos reduzir em 10% o uso de energia elétrica nas indústrias minerais e o consumo de água nos parques extrativos, além de aumentar em 10% as áreas protegidas e trabalhar para eliminar totalmente os riscos de acidentes ambientais. As metas foram apresentadas pelo presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Wilson Brumer. 

O Seminário Mineração, Transição Energética e Clima, promovido pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira (19), discutiu ações de enfrentamento à emissão de gases de efeito estufa (GEE), defesa do meio ambiente, transição energética e clima nas atividades de extração dos minérios, nos próximos anos. 

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O encontro foi organizado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados em três painéis: “Minerais do futuro”; “O impacto das novas tecnologias na demanda do lítio”; “Estratégias de descarbonização na indústria mineral”.

A atividade mineral está presente em pouco mais de 0,5% do território nacional, em cerca de 2.500 municípios, de acordo com o IBRAM. o ramo é responsável por cerca de 4% do Produto Interno Bruto do País, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME).

“A indústria mineral é uma baixa emissora de gases de efeito estufa, em comparação com outros setores, mas isso não quer dizer que a gente não tenha de tomar medidas concretas para mitigar ainda mais as nossas emissões, e outras iniciativas relacionadas a descarbonização”, ressaltou Wilson Brumer. 

Mineração na mudança climática

O Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), entidade que representa empresas e associações nacionais minerais em todo mundo, lembrou aos deputados presentes no seminário que a atividade mineral é a responsável por promover a descarbonização da atmosfera porque é provedora das principais matérias-primas das tecnologias de baixo carbono. Ou seja, segundo o CEO da entidade, Rohitesh Dhawan, a transição climática por meio do fomento de tecnologias consideradas limpas só será possível por causa da atividade mineral e o setor precisa se posicionar no centro das decisões mundiais sobre o tema.

A transição energética, segundo o ICMM, é dependente de minérios essenciais para produção de baterias - que vão substituir os motores a combustão - na construção de placas e chips presentes em turbinas de geradores eólicos e nas peças dos novos veículos elétricos, por exemplo.

Entretanto, Dhawan alertou que a indústria mineral também precisa diminuir a própria emissão de GEE por meio da substituição do maquinário dependente do diesel. Segundo dados repassados pelo CEO do ICMM, a atividade mineral é responsável por cerca de 5% a 7% do total de emissão GEE no mundo. A meta do setor é trocar a combustão por tecnologias mantidas por hidrogênio ou eólicas. A ICMM lembrou que a tendência do setor mineral é acabar totalmente com a emissão de GEE em seus processos até 2030. 

“Muitas indústrias minerais pelo mundo já estão usando 100% de energias renováveis e, isso [a transição] deve continuar no curso do tempo”, contou Rohitesh Dhawan, CEO do ICMM.

Crescimento

A atividade mineral brasileira vem demonstrando crescimento forte desde 2020, quando o setor teve faturamento de quase R$ 210 bi, gerando cerca de R$ 72 bi em impostos e participando com 2,5% do PIB, de acordo com informações do Ministério de Minas e Energia.

Os dados do Governo Federal revelam, ainda, que, apenas nos seis primeiros meses deste ano, a atividade já negociou mais de R$ 149 bi, aumento de 98% em comparação ao mesmo período do ano passado, e tem expectativa de gerar R$ 80 bi em impostos até o final de 2021. Ao todo, o setor mineral é responsável por três milhões de empregos diretos no País, sendo 11 mil postos criados apenas neste ano.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, lembrou, durante o Seminário Mineração, Transição Energética e Clima, que o País está empenhado para investir no setor, por meio de incremento dos institutos de geologia e de promoção de tecnologias verdes, e da diminuição da emissão dos GEE na cadeia produtiva mineral. 

“Seguimos dando tratamento prioritário à mineração, uma vez que reconhecemos seu papel na cadeia extrativa e o potencial que ainda temos a explorar. Alcançaremos mais de 197 bi em investimentos no setor até 2025”, anunciou o ministro.