Data de publicação: 14 de Janeiro de 2023, 04:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:26h
Por trás do nome singelo, um fenômeno climático representa contratempos para a economia e a agricultura de vários países. Caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, o La Niña deve se estender por mais tempo em 2023, embora com menor força, apontam especialistas. De acordo com o boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, o NOAA, órgão de serviços de meteorologia dos Estados Unidos, a maior probabilidade é de que o Pacífico volte à normalidade apenas em meados do verão.
Diante disso, o mês de janeiro deve ser marcado por estiagem no Sul do Brasil, com chuvas um pouco acima da média no Norte e no Nordeste. “O Lã Niña é um fenômeno oceânico que se caracteriza, principalmente, pelo resfriamento anômalo e persistente, ao longo de meses, nas águas das superfícies do Oceano Pacífico Equatorial”, explica o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Mozar Salvador. “No Brasil, os efeitos são sentidos principalmente no Sul do país, com chuvas irregulares, às vezes com ocorrência de veranico ou até mesmo seca. Enquanto que em boa parte das regiões Norte e Nordeste podem sofrer com excesso de chuva ou chuvas mais frequentes”, detalha o especialista.
Ainda de acordo com o Inmet, no momento, o atual Lá Niña está numa fase de processo de enfraquecimento. É o que explica Salvador. "Isso significa que as águas já não estão mais tão frias, começam a se aquecer e se desloca agora para uma fase que chamamos de neutralidade, que deve persistir durante alguns meses", esclarece.
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Impacto nas safras
Por conta do rastro deixado pelo fenômeno La Niña, contudo, as chuvas têm se concentrado na região Centro-Norte do Brasil, em estados como Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e parte do Nordeste e Norte do país. Já na região Sul, sobretudo no Rio Grande do Sul, e nos países vizinhos como Uruguai e Argentina, o efeito é contrário. A falta de água tem afetado drasticamente a produção de grãos como arroz, milho e soja. Na Argentina, a perda foi na ordem de 37 milhões de toneladas, o que corresponde a 25% da safra local. É o que conta o consultor de mercado, Evandro Oliveira.
"Na Argentina, a primeira safra de soja, que começou entre os meses de novembro e dezembro, foi muito afetada pela falta de chuva, e a segunda safra de soja do país já tendo reporte de atrasos por conta dos solos secos, por conta da umidade do solo", descreve o especialista. "Muita preocupação com a safra de arroz, porém boas chuvas são esperadas neste final de semana, inclusive no Rio Grande do Sul, e tudo indica que isso dê um fôlego para a cultura desses lugares e evite perdas mais significativas", prevê.
Em relação ao café, observa o especialista, estima-se uma queda na produção de aproximadamente 12% no Brasil.