LOC.: As importações e as compras no mercado nacional de máquinas, equipamentos e outros itens pelas empresas dos regimes dos bens de capital vão continuar contando com a suspensão de impostos no futuro regime tributário. É o que prevê o projeto de lei complementar que detalha como vai funcionar o novo sistema, aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 10.
Relator do projeto de lei na Câmara dos Deputados, o deputado federal Reginaldo Lopes, do PT de Minas Gerais, justifica a continuidade da suspensão dos tributos para os regimes de bens de capital.
TEC./SONORA: deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG)
"Nós estamos fazendo isso para não alterar o fluxo de caixa quando a importação ou aquisição no Brasil for de valor muito alto, porque se o bem de capital requer um volume grande de imposto, você altera o fluxo de caixa da empresa. Se o governo vai devolver [os tributos], então é melhor suspender."
LOC.: Os bens de capital são máquinas, equipamentos e materiais de construção que servem para fabricar itens destinados ao consumidor final. No atual sistema tributário, as empresas que aderem a regimes de incentivo à compra desses bens, como o Reporto e o Reidi, contam com suspensão de tributos federais.
O que o projeto faz é garantir que, no futuro sistema, a incidência do novo imposto federal, a Contribuição sobre Bens e Serviços, continue suspensa nas compras de bens de capital. Além disso, o texto amplia o benefício tributário para o IBS, que entra no lugar do ICMS e do ISS.
Apesar disso, o setor produtivo está preocupado com um trecho do projeto que diz que o governo federal e o comitê gestor de estados e municípios vão listar quais bens de capital podem contar com a suspensão.
O advogado tributarista Gabriel Santana Vieira diz que a indefinição quanto a quais bens de capital podem ter suspensão de tributos pode causar incertezas.
TEC./SONORA: Gabriel Santana Vieira, advogado tributarista
"As empresas podem enfrentar dificuldades na classificação dos bens, o que poderia resultar em interpretações diferentes e impactos desiguais entre concorrentes. Essa falta de clareza e previsibilidade na definição dos bens elegíveis para a suspensão tributária pode afetar a segurança jurídica das empresas, uma vez que, sem critérios bem estabelecidos, há riscos de litígios e disputas legais, além de dificultar o planejamento fiscal das empresas que dependem desses regimes para investimentos em bens de capital."
LOC.: O projeto vai à análise no Senado. Caso seja aprovado na Casa sem alterações, vai seguir para sanção presidencial. Se sofrer mudanças, volta para a Câmara dos Deputados.