Foto: Lucas Lins/Prefeitura Lauro de Freitas
Foto: Lucas Lins/Prefeitura Lauro de Freitas

Quilombolas da Microrregião de Óbidos (PA) são vacinados contra Covid-19

Prioridade no calendário nacional de vacinação, 31,52% desses quilombolas já receberam a primeira dose. Vacinação segue em curso

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As comunidades quilombolas da microrregião de Óbidos, no Norte do Pará, estão sendo imunizadas contra a Covid-19. Além de Óbidos, a região é composta pelos municípios de Oriximiná, Juruti, Terra Santa e Faro, que juntos concentram 16.532 pessoas autodeclaradas descendentes e remanescentes de escravizados, segundo o Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE). 

De acordo com o Ministério da Saúde, 5.224 quilombolas dessas cinco cidades tomaram a primeira dose da vacina, o que representa cerca de 31,52% da população total. Por enquanto, apenas 956 receberam a dose de reforço do imunizante.

Número de quilombolas vacinados Microrregião de Óbidos, segundo o Ministério da Saúde:

Oriximiná:
1ª dose: 2.891; 2ª dose: 9
Juruti: nenhuma dose aplicada
Óbidos: 1ª dose: 2.333; 2ª dose: 9
Terra Santa: nenhuma dose aplicada
Faro: nenhuma dose aplicada

Em Oriximiná – quarto maior município do País em extensão territorial segundo o IBGE –, 34% dos membros dos territórios remanescentes de quilombos estão vacinados contra a Covid-19. Segundo a prefeitura da cidade, desde o início da pandemia até a última semana de maio, foram registrados 535 casos de infecção pelo vírus entre os quilombolas da cidade, com cinco óbitos. 

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários.

“As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito”. 

Coordenador de Vigilância Epidemiológica e Imunização de Oriximiná, Carlos Beta explica que, por ser uma área de difícil acesso, as equipes de saúde estão se deslocando até os quilombos. Dependendo da comunidade, os profissionais podem levar até 24 horas para chegar.
“A logística da região depende de grandes tempos de deslocamento e está sendo realizada com embarcações de pequeno e médio porte, chegando a cada comunidade através de rios, cachoeiras e igarapés. E somam-se as dificuldades de navegabilidade durante esse período de cheias nos rios. Tem áreas que levamos até 10 dias para percorrer”, explicou o coordenador.

Depoimentos

Um dos primeiros quilombos contemplados com a vacinação foram os dos territórios de Erepecuru, que abrange 11 comunidades. Maria Cecília Melo de Figueiredo, de 70 anos, vive na comunidade de Pancada desde a infância. A aposentada contraiu a Covid-19 em março de 2020, mas não precisou ser hospitalizada. Hoje, imunizada com as duas doses da vacina, dona Maria conta que se sente segura e ansiosa para voltar a sua rotina. “Eu já tomei a primeira dose e a segunda, e me sinto muito feliz. Me sinto mais segura, graças a Deus. Eu peço que as pessoas também sejam imunizadas”, diz Maria Cecília. 

O sentimento de felicidade é compartilhado com outros moradores do quilombo. O agricultor Augusto Figueiredo, 76 anos, também foi um dos vacinados.
“Esperava tanto por essa vacina e até que ela chegou”, comemorou. Seu Augusto disse que se sente aliviado por ter dado o primeiro passo para a imunização. “Pela análise dos médicos a gente se sente seguro, né? Em primeiro lugar Deus, segundo os médicos”. E ele garante que, embora vacinado, não dispensou o uso da máscara e tem evitado aglomerações.

E quem ainda não teve a oportunidade de se imunizar aguarda ansiosamente por esse momento. Osvaldo Melo de Souza, 43 anos, não estava na sua comunidade no dia da vacinação e acabou não tomando a vacina. “Estou com uma expectativa muito grande de ser vacinado, porque, para mim, é a única coisa que vai nos salvar da Covid-19. Não vejo o dia de tomar a vacina”, disse o agricultor.  

Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico imediato. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança. Entre eles, use máscara de pano; lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações. 

Os quilombolas são prioridades no calendário nacional de imunização do Ministério da Saúde. O coordenador da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (Arqmo), Rogério Oliveira, convida todos os quilombolas para participarem da iniciativa.

“Vamos vacinar! Porque vacinados, estaremos libertos desse vírus”, alertou Rogério, que ainda ressalta a necessidade de continuar seguindo os protocolos de segurança, mesmo após vacinado: “Vamos continuar nos protegendo, usando máscaras, usando álcool em gel, lavando bastante as mãos. Quilombola vacinado é quilombo protegido.”

Distribuição das vacinas

Segundo dados do Ministério da Saúde, disponibilizados no LocalizaSUS, os municípios da Microrregião de Óbidos receberam mais de 106 mil doses de vacinas contra Covid-19, sendo: 7.091 da Coronavac e 43.850 da AstraZeneca para Oriximiná; 2.232 da Coronavac e 12.075 da AstraZeneca para Juruti; 3.350 da Coronavac e 26.640 da AstraZeneca para Óbidos; 1.042 da Coronavac e 5.205 da AstraZeneca para Terra Santa e 515 da Coronavac e 4.570 da AstraZeneca para Faro. A Secretaria Municipal de Saúde de Oriximiná informou que o Ministério da Saúde destinou mais de 26 mil doses da vacina AstraZeneca exclusivamente para a população quilombola de sete cidades do Pará. Desse total, Oriximiná recebeu 8.510 doses.

Serviço

Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Em caso de dúvidas, converse com o líder de sua comunidade sobre o calendário de vacinação quilombola. A vacina é segura e uma das principais formas de se prevenir do novo coronavírus. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Proteja-se. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.
 

Veja como está a vacinação Quilombola no seu município

 

 

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