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Com a inclusão dos povos quilombolas nos grupos prioritários no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, os 11 municípios da microrregião de Januária vacinaram mais de sete mil pessoas dessas comunidades. De acordo com o IBGE, Minas Gerais é o segundo estado com o maior número de localidades quilombolas, ficando atrás apenas da Bahia.
A região de Januária é uma das que possui o maior número de quilombolas do estado, aproximadamente 11.975, de acordo com o IBGE. Os municípios que compõem a microrregião são: Bonito de Minas, Manga, São Francisco, Matias Cardoso, Chapada Gaúcha, Januária, Montalvânia, Pedras de Maria da Cruz, Cônego Marinho, Juvenília e Pintópolis.
Número de quilombolas vacinados com a primeira e a segunda dose na microrregião de Januária, de acordo com o Painel Nacional de Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde:
Januária – primeira dose: 2.777 / segunda dose: 68
Manga – primeira dose: 1.543 / segunda dose: 564
São Francisco – primeira dose: 885 / segunda dose: 9
Matia Cardoso – primeira dose: 330 / segunda dose: 8
Chapada Gaúcha – primeira dose: 578 / segunda dose: 8
Pedras de Maria da Cruz – primeira dose: 490 / segunda dose: 2
Cônego Marinho – primeira dose: 73 / segunda dose: 53
Bonito de Minas – primeira dose: 824 / segunda dose: 2
Juvenília, Pintópolis e Montalvânia – até o fechamento desta reportagem, os municípios não disponibilizaram os dados no Painel.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.”
A transmissão do vírus da Covid-19 tende a ser mais intensa em povos e comunidades quilombolas, devido a maneira como estão condicionados na sociedade. Dessa forma, o Ministério da Saúde alerta que o controle de casos e vigilância nestas comunidades impõem desafios logísticos, de forma que a própria vacinação teria um efeito protetor altamente efetivo.
A secretária de Saúde de Bonito de Minas, Lilian Xavier, reforça que a população quilombola possui um nível elevado de vulnerabilidade e está suscetível a um maior impacto ocasionado pela Covid-19. “Os quilombolas, por serem um grupo de maior vulnerabilidade, têm o risco mais elevado para quadros graves e óbitos pela doença, necessitando de maior proteção, que é fornecida pela vacinação”, alerta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, a imunização é uma das principais formas de combater o novo coronavírus. Conforme o Ministério da Saúde, todos os imunizantes usados no Brasil passam por rigorosos testes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. A vacina não impede que a pessoa contraia o vírus, mas contribui para que a doença não se desenvolva para um quadro clínico mais grave e, consequentemente, ao óbito.
Imunizados, sim!
Quatro trabalhadores quilombolas de serviços gerais, da Comunidade Quilombola de Mandus, se infectaram com vírus da Covid-19 e, após cumprirem a quarentena e passado por um longo período da infecção, conseguiram se vacinar. Marcos Barcellona, um dos integrantes desse grupo e presidente da associação dessa comunidade, conta sobre sua experiência e faz um alerta sobre o vírus.
“Trabalho com serviços gerais. Eu e meus colegas de trabalho pegamos a Covid-19. Não fizemos tratamento pois nossos sintomas foram leves, febre, dor de cabeça, dor nos olhos, dor no corpo e perda de paladar. Infelizmente, o contágio aconteceu, mas todos nós tomamos a primeira dose da vacina”, conta Marcos.
O quilombola ainda faz uma ressalva: “Estamos trabalhando de máscara, mesmo com o calor que faz aqui. Trabalhamos de máscara e usamos álcool gel sempre que necessário. A nossa política é a política da prevenção. A política da prevenção é a que está salvando vidas.”
Marcos Barcellona, presidente e líder da Associação Remanescente de Quilombolas Mandus, recebe a primeira dose do imunizante contra a Covid-19. Foto: Arquivo Pessoal/Marcos Barcellona
Em outra região, o líder quilombola da Comunidade Cabeceira de Rancharia, Itamar Salobo, revela estar muito contente por ter recebido a vacina e diz que não houve resistência em sua comunidade para receber o imunizante. “A sensação de receber a vacina foi de muita alegria, a gente não esperava que iria ter essa prioridade, então, ficamos muito felizes e agradecemos a Deus também. Não houve nenhuma resistência de nenhum (quilombola), todos receberam a primeira dose muito alegre e satisfeitos”, relatou Itamar, que ainda fez um apelo a todos os quilombolas do País que não quiseram receber o imunizante: “Tomem a vacina. Essa é a melhor forma de combater o vírus.”
Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico imediato. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Mesmo com a vacinação, é preciso seguir com os protocolos de segurança, como: o uso de máscara, higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70%; manutenção dos ambientes limpos e evite aglomerações.
Por meio do aplicativo “Conecte SUS”, lançado pelo Ministério da Saúde, é possível acompanhar seu histórico clínico, dados de vacinas e medicamentos retirados. Além disso, é possível encontrar as unidades de saúde mais próximas de sua casa. A partir do momento que os usuários receberem os imunizantes contra a Covid-19, já podem consultar o aplicativo: o tipo de vacina aplicada, a data em que foi tomada a dose e o lote de fabricação. O Conecte SUS também emite o Certificado Nacional de Vacinação para o coronavírus. Ele pode ser acessado pela internet e está disponível no Google Play e na App Store.
De acordo com o Vacinômetro de Minas, o estado recebeu do Ministério da Saúde 12.663.304 doses da vacina contra a Covid-19. Segundo dados da pasta, 66.503 imunizantes foram aplicadas em povos quilombolas ao longo do estado. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Proteja-se. Juntos podemos salvar vidas!
Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.
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