LOC.: A crise econômica e o desequilíbrio fiscal que enfrentam mais da metade das cidades brasileiras levaram cerca de dois mil prefeitos de municípios de todo o Brasil a se reunirem em Brasília para pedir apoio à União — e pressionar o Congresso a aprovar pautas que aumentem a arrecadação das cidades.
De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que ouviu cerca de três mil gestores, quase metade dos entrevistados precisou cortar pessoal para reduzir custos e, mesmo assim, as prefeituras enfrentam atrasos no pagamento de fornecedores.
Cachoeira Dourada, em Minas Gerais, município de apenas três mil habitantes, já enfrenta as consequências da crise econômica. Segundo o prefeito Aleandro Silva, a cidade tem grande dificuldade em manter as contas em dia. Hoje se atende apenas às demandas urgentes, como saúde e educação.
TEC/SONORA: Aleandro Silva prefeito de Cachoeira Dourada em Minas Gerais
“Nós tivemos alguns cortes com prestadores de serviços, com servidores contratados que precisamos mandar embora. E estamos fazendo uma avaliação esse mês e é provável que mais gente tenha que ser demitida entre outros cortes. Hoje estamos atendendo só o que é necessidade mesmo: saúde e emergência, além do transporte escolar.”
LOC.: O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, entregou documentos e estudos feitos pela Confederação aos órgãos controladores. O relatório entregue à Controladoria-Geral da União e ao Tribunal de Contas da União alerta sobre as dívidas que a União tem com os municípios. Entre elas, como mostra o estudo, um débito de R$10,5 bilhões referente a repasses da assistência social (CRAS e Creas), que foram custeadas pelos municípios, mas os valores não foram repassados às cidades.
A entrega dos documentos tem o objetivo de mostrar à sociedade o trabalho que vem sendo feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
TEC/SONORA: Paulo Ziulkoski, presidente da CNM
“Saber que nós estamos agindo com responsabilidade. Não é o prefeito que está mal, quem está mal é o cidadão. O serviço público está diminuindo em quantidade e piorando em qualidade. Porque a União, que arrecada tudo, está cada vez se retirando mais.”
LOC.: A pesquisa da CNM mostra que os gestores estão com medo e pessimistas com relação ao futuro. De acordo com o levantamento, dos três mil prefeitos ouvidos, 44,3% acreditam que a situação fiscal vai piorar.
A visita a Brasília tem, entre outras prioridades, pressionar o congresso e dar celeridade à Proposta de Emenda à Constituição 25 de 2022, que estabelece o repasse adicional de 1,5% do Fundo de Participação dos Municípios para o mês de março — ainda em análise pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara.
Reportagem, Lívia Braz