LOC.: A nossa reportagem traz hoje mais dois relatos de vítimas da Covid-19, Camila de Oliveira, 31 anos, e Mariana Vargas, 28 anos. As duas mulheres contam as más experiencias que tiveram durante o período de infecção do coronavírus e acreditam, a exemplo de especialistas, que as dores e os traumas poderiam ter sido menores se tivessem conseguido acompanhamento médico já no início dos primeiros sintomas da Covid-19.
Camila de Oliveira, estava feliz porque entrava no segundo mês de gestação e concluía seu tão sonhado curso profissionalizante quando adoeceu. Os primeiros sintomas chegaram com intensidade e, no isolamento, contava apenas com a ajuda dos familiares.
Ela mora na França e, por lá, em outubro de 2020, a pandemia estava no auge da segunda onda e o governo local decretava lockdown. A recomendação, diante dos primeiros sintomas da doença, era ficar em casa, em isolamento total, onde Camila teve febre, falta de ar e medo.
TEC/SONORA: Camila de Oliveira, estudante
“A gente fica angustiada porque, realmente, o cansaço é forte. Eu não saia da cama, fiquei com medo de perder o ar, de não poder mais respirar, ninguém me socorrer e, por eu estar grávida, fiquei com medo de perder o bebê.”
LOC.: Na casa da universitária Mariana Vargas, 28 anos, somente ela testou positivo para Covid-19, em fevereiro deste ano. Pareceu uma escolha feita a “dedo” que impôs o isolamento repentino e cuidados redobrados de contenção da proliferação do coronavírus na família.
Os sintomas foram leves em Mariana, mas suficientes para desencadear quadro depressivo profundo. As angústias desequilibraram o raciocínio e a autoestima. Ela sofreu com a perda do paladar, olfato, peso e dos cabelos. Teve medo.
TEC/SONORA: Mariana Vargas, universitária
“Para mim foram os piores dias da minha vida. É como se eu tivesse em uma prisão na qual fiquei 14 dias fechada dentro do quarto e, choro, choro constante. Eu chorava muito.”
LOC.: A sensação de solidão e morte, que Camila e Mariana conviveram, causaram sequelas físicas e psicológicas e, segundo os especialistas em saúde, é fator da falta de orientação, de acompanhamento médico próximo, já nos primeiros sintomas.
O especialista em Emergências Clínicas e no tratamento da Covid-19 na fase grave, da Rede D’Or, Fabrício da Silva, lembra que a recomendação atual é procurar um posto de saúde imediatamente após sentir os primeiros sintomas da Covid-19.
Para ele, é na fase inicial da doença que a equipe médica consegue perceber possíveis complicações futuras do coronavírus e, assim, agir na tentativa de amenizar os males antes da evolução grave do coronavírus.
TEC./SONORA: Fabrício da Silva, especialista em Emergências Clínicas e no tratamento da Covid-19 na fase grave, da Rede D’Or
“A recomendação inicial era ‘uma vez com sintomas gripais, com diagnóstico da Covid-19, fique em casa e procure o hospital caso tenha queda de saturação ou piora na falta de ar’. Esse conceito caiu por terra. Hoje, a recomendação é cada vez mais termos o acompanhamento de perto.”
LOC: Hoje, mais de 17 milhões de pessoas foram curadas da Covid-19 no país. No entanto, de acordo com pesquisa da faculdade de medicina da UFMG ansiedade e depressão, dores, fraquezas e fadigas, são sequelas deixadas por meses em algumas pessoas que tiveram a doença.
Reportagem, Cristiano Ghorgomillos
LOC.: As formas como a Covid-19 ataca o organismo das pessoas, e os possíveis prejuízos à saúde, ainda são desafios para a ciência. Apesar disso, as experiências adquiridas no trato dos pacientes permitem às equipes de saúde entender, por exemplo, as fases e as manifestações do contágio da Covid-19.
O conhecimento é fundamental na antecipação de procedimentos capazes de contribuir para a recuperação do paciente, em menos tempo.
Para isso, é importante que equipe médica passe acompanhar as vítimas da Covid-19 já no início da manifestação dos sintomas, sugerem especialistas.
Reportagem, Cristiano Ghorgomillos