LOC.: O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou que 52% das obras contratadas com recursos federais estão paralisadas.
As áreas de educação e saúde concentram o maior volume de obras paradas, com 8.674 empreendimentos nessas condições, o que representa 72,6% do total.
No panorama de obras paralisadas por estado, o Maranhão lidera o ranking com um total de 1.232 construções paradas, representando 62% das contratações com recursos federais. A Bahia ocupa a segunda posição, com 972 obras paradas, o que corresponde a 57% dos contratos no estado. Já na terceira posição está o Pará, com 938 empreendimentos nessas condições, equivalente a 77% dos contratos.
Desde 2022, Maranhão, Bahia e Pará lideram o ranking e, ainda, têm mais obras interrompidas do que em execução. Além disso, esses estados estão entre as cinco UFs que possuem a maior demanda por vagas em creches. Para o TCU, o quadro é considerado alarmante.
O especialista em direito da construção, contratos de construção e processos licitatórios, Rafael Marinangelo, aponta que obras paralisadas implicam em prejuízos econômicos e sociais. Tais empreendimentos tendem à degradação com o tempo, o que vai requerer recuperação para levar a obra adiante, gerando mais custos.
Do ponto de vista social, a paralisação dessas estruturas também afeta diretamente a população que iria usufruir do equipamento público, seja de uma creche, escola ou unidade de saúde, por exemplo.
Com a demora na entrega da obra, o especialista Rafael Marinangelo destaca que há impactos para a eficácia daquele empreendimento.
TE./SONORA: Rafael Marinangelo, especialista em Direito da Construção, Contratos de Construção e Processos Licitatórios
“A obra é projetada para, por exemplo, acolher mais 10 mil crianças por ano na escola e só que quando ela vem a ser efetivamente realizada, você já tá com outro problema. O problema é que não são mais 10 mil que você tem que acolher por ano, você tem que acolher 20 mil, porque houve um crescimento demográfico. Então, quer dizer, nem aqueles 10 mil se beneficiaram efetivamente, porque a obra não ficou pronta e quando você tem lá o acolhimento de 10 mil não é suficiente, teria que acolher 20 mil.”
LOC.: Rafael Marinangelo, destaca que o relatório do TCU revela que existem vários fatores pelos quais as obras estão paralisadas e que os problemas mais significativos são os de ordem técnica.
TEC./SONORA: Rafael Marinangelo, especialista em Direito da Construção, Contratos de Construção e Processos Licitatórios
“São questões relativas, provavelmente a projeto, a atuação da própria da própria gestão pública para solucionar problemas que apareceram, problemas técnicos que apareceram no curso da execução dos contratos. Esse é o ponto fundamental pelos quais as obras estão paralisadas.”
LOC.: Com relação às empreiteiras responsáveis pela execução das obras, Marinangelo avalia que o cenário de obras paralisadas também não é um bom negócio, já que gera vários prejuízos para as empresas.
Reportagem, Bianca Mingote