Data de publicação: 07 de Setembro de 2022, 04:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:34h
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta foi puxada principalmente pelo desempenho da indústria, que cresceu 2,2%, o melhor resultado entre todos os setores da economia.
Mário Sérgio Telles, gerente executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diz que o resultado do PIB brasileiro e do setor industrial foram surpreendentes.
“Nas duas situações, os resultados vieram muito positivos e até um pouco acima da projeção da CNI. Temos tido um movimento do mercado de trabalho com mais pessoas trabalhando e com aumento da massa de salários real que tem impactado muito positivamente o consumo. O consumo cresceu e a produção industrial e o PIB foram muito influenciados por isso”, avalia.
O consumo das famílias cresceu 2,6%. Os brasileiros gastaram mais, porque a massa salarial real também subiu. Além disso, o IBGE aponta que houve maior acesso ao crédito, saque extraordinário do FGTS e antecipação do décimo terceiro salário para aposentados e pensionistas.
Todos os segmentos da indústria cresceram entre o primeiro e o segundo trimestres do ano. Segundo o IBGE, o avanço do setor foi puxado pelo desempenho positivo de 3,1% da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos.
Os segmentos da construção (2,7%), indústrias extrativas (2,2%) e indústrias de transformação (1,7%) também se destacaram. A alta desse último veio após três trimestres de queda. A melhora dos ramos de coque e derivados de petróleo; couros e calçados; produtos químicos, papel e celulose e bebidas influenciaram o resultado.
Segundo a CNI, a previsão de queda de 1,5% da indústria de transformação em 2022 divulgada em junho será revista para uma desaceleração “muito mais moderada” ou até mesmo crescimento. O PIB da indústria, antes de 0,2%, também vai subir na próxima projeção.
Mais investimentos e acesso a insumos
Na visão de Telles, outros dois fatores impulsionaram a indústria e, consequentemente, a economia brasileira no segundo trimestre. O primeiro deles foi a alta dos investimentos, que subiram 4,8%.
“Ao mesmo tempo em que nós temos aumento do consumo da população brasileira e o aumento dos investimentos, temos identificado uma redução da quantidade de produtos importados. Isso significa que, com mais consumo e investimentos e menos importações, a indústria nacional é que está abastecendo significativamente esse aumento de demanda”, comemora.
Outro elemento importante para a recuperação da indústria foi a melhora do acesso às matérias-primas, problema que os empresários do setor elencaram como um dos maiores obstáculos para a produção. “Temos tido uma melhora significativa na questão dos insumos. A indústria estava sendo bastante prejudicada pela dificuldade de acesso a insumos e isso tem se normalizado até num ritmo mais rápido do que esperávamos”, explica.
Telles diz que, além do crescimento da indústria ser positivo em si mesmo, traz benefício para todos os setores da economia e para o PIB em geral, porque a indústria é o setor que mais demanda e mais gera atividades nos demais. “Cada R$ 1 a mais produzido na indústria gera um aumento de R$ 2,43 nos outros setores”, pontua. Esse rendimento é R$ 1,75 na agricultura e R$ 1,49 no setor de serviços por real.
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