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O governo do estado do Ceará firmou parceria com o Banco Mundial para integrar uma força-tarefa internacional com foco na estruturação do mercado de hidrogênio verde (H2V) em países em desenvolvimento. Por possuir posição estratégica, com bons ventos e abundância de sol, o estado do Ceará é ideal para a produção do hidrogênio verde, podendo despontar como um dos principais players do mercado de H2V.
Lançado em 2022 durante a COP 27 no Egito, o projeto do Banco Mundial tem como objetivo debater desde financiamentos, tecnologias e modelos de negócio até governança e economia circular, a fim de estimular financiamentos para investimentos em hidrogênio de fontes públicas e privadas.
De acordo com o governo do estado, está em curso um financiamento de US$ 40 milhões com o Banco Mundial para impulsionar e ampliar o HUB de Hidrogênio Verde no Complexo do Pecém, implementado em 2022.
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) é parceira do governo do Ceará e da Universidade Federal do Ceará (UFC) no projeto de construção do Hub do H2V. Segundo o consultor de Energia da Fiec, Jurandir Picanço, o Complexo do Pecém possui condições de viabilizar a exploração econômica e trazer competitividade para a produção de H2V.
“Hoje são 27 memorandos de entendimento assinados, algumas dessas empresas já anunciaram os seus propósitos e esses projetos estão em desenvolvimento e alguns deles já estão na fase mais avançada voltados a produzir o hidrogênio verde e motivados pela exportação. Porque os países da Europa são aqueles que estão sinalizando o interesse em importar hidrogênio verde”, aponta.
O projeto vai contar com o apoio de outras entidades do setor, como o Hydrogen Council, que representa mais de 150 grandes multinacionais que atuam em diversas etapas da cadeia de valor do hidrogênio; o Hydrogen Europe, que representa o mercado energético europeu; e o NREL, laboratório de energia renovável do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Os memorandos de entendimento em desenvolvimento no Hub do Porto de Pecém envolvem empresas como Mitsui, Caetano Bus, Fortescue Future Industries (FFI), Qair Brasil, Enegix Energy, o consórcio Transhydrogen Alliance, Comerc Eficiência e Casa dos Ventos.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) também integra o projeto. Segundo o gerente de Análise e Informações ao Mercado na CCEE, Ricardo Gedra, iniciativas como a do Banco Mundial são importantes para acelerar os processos de regulamentação, viabilidade econômica, além de direcionar recursos para regiões que realmente precisam. De acordo com o gerente, os projetos de produção de hidrogênio são intensivos em capital e vão precisar de recursos financeiros expressivos para sua construção.
“Esse trabalho de estruturação do arcabouço regulatório e de modelos de negócio é necessário para que os projetos ofereçam condições seguras para concessão de financiamentos, fazendo com o dinheiro chegue até os países produtores de hidrogênio e de toda a sua cadeia produtiva”, ressalta.
Atuando juntamente com o Hydrogen Council, a CCEE vai liderar as discussões no sentido de estabelecer as diretrizes de referência para que a certificação do hidrogênio seja reconhecida internacionalmente.
“Nós vamos atuar com foco na certificação da energia que será utilizada para a produção do hidrogênio, buscando a melhor definição de critérios para a classificação como um insumo de baixo carbono. O objetivo principal é contribuir para a criação de um ambiente que seja atrativo para quem comprará ou venderá o insumo”, explica Gedra.
Para o membro da Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Câmara dos Deputados, o deputado federal Célio Studart (PSD-CE), além de ser uma solução para despoluir setores, a expansão da cadeia de valor do hidrogênio verde no estado pode ser rápida e deve gerar muitos empregos.
“Nós temos sol quase o ano inteiro. O vento do Ceará também é muito forte, ou seja, favorece a energia eólica e com esse investimento de US$ 40 milhões já se concretizam algumas assinaturas do governo do estado. Estima-se que em 2027 talvez se inicie essa produção, mas já tem contratos assinados, secretários estaduais em acordos com Roterdã [Holanda] para fazer o Hub Porto do Pecém e Roterdã. Isso traz, além da questão ambiental, da fonte de energia para o Ceará, vai gerar ampliação do Porto de Pecém e essa ampliação vai gerar certamente um número muito maior de empregos. Então, isso nos é caro obviamente pela pauta ambiental e nos é caro na questão econômica trabalhista do estado”, afirma.
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