Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Governo não barra CPMI e tenta trazer de volta tropa de choque para virar o jogo no Congresso

Líderes da oposição reagem e passam o fim de semana articulando para ocupar cargos de relator ou presidente da Comissão

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Vários parlamentares ligados ao governo e também de oposição estão se articulando, neste fim de semana, em torno da composição da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar responsabilidades e omissões sobre os atos do dia 8 de janeiro, quando houve invasão e depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Depois de tentar, sem sucesso, impedir a instalação da Comissão, as lideranças do governo mudaram o discurso e já tentam negociar o controle do colegiado, que será instalado às 12h da próxima quarta-feira (26).

A aposta governista é isolar os escolhidos da oposição e ressuscitar a tropa de choque da extinta CPI da covid, quando a e esquerda dominou os principais cargos durante a pandemia, através dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (PT-AP).

“Ação ofensiva”

“Eu acho que agora o governo deve ir para a ofensiva e indicar os nomes que vão compor a relatoria e a Presidência da Comissão”, declarou o deputado Lindberg Farias (PT-RJ), vice-líder do governo na Câmara. “Nós vamos para a ofensiva política, eles não têm como virar o jogo contra o governo porque financiaram, incitaram e organizaram caravanas e isso pode chegar no próprio Bolsonaro”, disparou.

Por outro lado, deputados e senadores contrários ao governo Lula, mesmo os que não se declaram “de direita” e se consideram “independentes”, também se organizam desde a quinta-feira passada  com objetivo de obter o máximo de representatividade na CPMI, que será instalada oficialmente na próxima quarta-feira (26).

O objetivo é identificar se houve premeditação ou negligência por parte do atual governo.  E se foi alertado antecipadamente pelos órgãos de inteligência e não teria agido para impedir o crime e, desse modo,  beneficiar-se com a sua repercussão.

Expectativas

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) confirmou que a CPMI será aberta na próxima quarta-feira, ao meio-dia. Ele destacou que a investigação trará maior transparência ao debate político, na medida em que jogará luz sobre assuntos ainda não esclarecidos. O senador criticou a mudança de discurso do atual governo, depois do vazamento das imagens do ex-ministro do GSI, do  presidente Lula, confraternizando com os manifestantes dentro do Palácio do Planalto, no dia em que o prédio foi depredado.

“Agora o governo começa a fazer um discurso de que ele tem interesse na CPMI. Mas vamos acompanhar e demonstrar claramente quem comandou, quem se omitiu, e individualizar as pessoas porque cada um tem que pagar pelo seu erro ou pela sua omissão”, defendeu. “A CPMI vai dar muita transparência a tudo isso”, enfatizou.

Suspeitas

As suspeitas de manipulação política foram reforçadas com o vazamento na semana passada de imagens de câmeras internas de segurança, nas quais o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, aparece confraternizando com os invasores do Palácio do Planalto. Diante do escândalo, Dias foi convidado a se demitir.

A CPMI também investigará se a manifestação foi espontânea ou financiada por grupos políticos ligados ao governo anterior; se houve erro por ação ou omissão do governo federal e do governo do Distrito Federal, e até mesmo se tinham manifestantes que apoiam o atual governo infiltrados com objetivo de incitar a violência e “culpar” os ativistas acampados em frente ao Exército, simpáticos ao governo anterior.

Depoimentos

Serão ouvidos vários envolvidos na CPMI, desde manifestantes que foram presos, passando por agentes de segurança e até chegar a ministros e secretários de Estado.

Além do general Gonçalves Dias, homem de confiança que cuidava da segurança de Lula desde os mandatos anteriores do atual presidente, os depoimentos mais aguardados são do atual ministro da Justiça, Flávio Dino, e do ex-ministro Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. Ambos teriam sido avisados, antecipadamente.

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LOC: Depois de tentar, sem sucesso, impedir a instalação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que vai investigar responsabilidades e omissões sobre os atos do dia 8 de janeiro, quando houve invasão e depredação de prédios na Praça dos Três Poderes em Brasília, agora as lideranças do governo mudaram o discurso e tentam negociar o controle do colegiado.

As imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, mostrando um ministro do presidente Lula confraternizando com os invasores no mesmo dia em que houve a destruição do patrimônio público, impediram o governo de convencer deputados e senadores de retirarem seus nomes do requerimento de criação da CPMI, que será instalada na próxima quarta-feira (26), às 12h.

A aposta governista é isolar os membros escolhidos pela oposição e trazer de volta  a tropa de choque da extinta CPI da Covid, onde a esquerda dominou os principais cargos durante a pandemia - através dos senadores Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues.

De acordo com o vice-líder do governo, deputado Lindberg Farias (do PT do Rio de Janeiro), o presidente Lula não sabia da existência das imagens, nem do possível envolvimento de seu ministro de confiança com a invasão e a depredação dos prédios. Segundo Lindberg, agora o governo vai para a ofensiva política e as investigações não vão prejudicar a imagem do presidente Lula.

SONORA: deputado Lindberg Farias, vice-líder do governo (PT-RJ)

“ vamos ler na próxima semana. E vamos para a ofensiva política. Eles não têm como virar o jogo contra o governo com isso aqui. Porque financiaram, porque incitaram, porque organizaram caravanas e isso pode chegar no próprio Bolsonaro.”


LOC: Por outro lado, parlamentares que fazem oposição ao governo Lula, e mesmo os que se consideram “independentes”, também se organizam com objetivo de obter o máximo de representatividade na CPMI. O objetivo é identificar se houve premeditação ou negligência por parte do governo, que foi alertado antecipadamente pelos órgãos de inteligência - sobre o risco de invasão dos prédios - e não teria agido para impedir o crime, apenas para se beneficiar de sua repercussão negativa.

O senador Izalci Lucas (do PSDB do Distrito Federal) confirmou que a CPMI será aberta na próxima quarta-feira (26), ao meio-dia. Ele destacou que a investigação vai trazer maior transparência ao debate político, na medida em que jogará luz sobre assuntos ainda não esclarecidos. O senador criticou a mudança de discurso do atual governo depois que vieram à tona as imagens do ex-ministro do presidente Lula, confraternizando com invasores dentro do Palácio do Planalto no dia  8 de janeiro, na hora em que o prédio estava sendo depredado.

 

SONORA: Izalci Lucas, senador (PSDB-DF)

“Depois desse fato, o governo agora já começa a fazer um discurso né, que ele mesmo tem interesse na CPMI. Então vamos acompanhar, para que a gente possa começar imediatamente a CPMI. E demonstrar claramente quem comandou, quem se omitiu, e individualizar as pessoas. Cada um tem que pagar pelo seu erro ou pela sua omissão. E é isso, a CPMI vai dar muita transparência a tudo isso. Então, quarta-feira meio-dia, nós aguardamos. Com certeza nós vamos fazer a leitura e logo em seguida a instalação da CPMI.”


LOC: A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) também deve investigar se a manifestação foi espontânea ou financiada por grupos políticos. E até mesmo se tinham manifestantes ligados ao atual governo, infiltrados apenas com o objetivo de incitar a violência e “culpar” os ativistas acampados em frente ao Exército, que eram simpáticos ao governo anterior.

Reportagem: José Roberto Azambuja