LOC: Depois de tentar, sem sucesso, impedir a instalação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que vai investigar responsabilidades e omissões sobre os atos do dia 8 de janeiro, quando houve invasão e depredação de prédios na Praça dos Três Poderes em Brasília, agora as lideranças do governo mudaram o discurso e tentam negociar o controle do colegiado.
As imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, mostrando um ministro do presidente Lula confraternizando com os invasores no mesmo dia em que houve a destruição do patrimônio público, impediram o governo de convencer deputados e senadores de retirarem seus nomes do requerimento de criação da CPMI, que será instalada na próxima quarta-feira (26), às 12h.
A aposta governista é isolar os membros escolhidos pela oposição e trazer de volta a tropa de choque da extinta CPI da Covid, onde a esquerda dominou os principais cargos durante a pandemia - através dos senadores Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues.
De acordo com o vice-líder do governo, deputado Lindberg Farias (do PT do Rio de Janeiro), o presidente Lula não sabia da existência das imagens, nem do possível envolvimento de seu ministro de confiança com a invasão e a depredação dos prédios. Segundo Lindberg, agora o governo vai para a ofensiva política e as investigações não vão prejudicar a imagem do presidente Lula.
SONORA: deputado Lindberg Farias, vice-líder do governo (PT-RJ)
“ vamos ler na próxima semana. E vamos para a ofensiva política. Eles não têm como virar o jogo contra o governo com isso aqui. Porque financiaram, porque incitaram, porque organizaram caravanas e isso pode chegar no próprio Bolsonaro.”
LOC: Por outro lado, parlamentares que fazem oposição ao governo Lula, e mesmo os que se consideram “independentes”, também se organizam com objetivo de obter o máximo de representatividade na CPMI. O objetivo é identificar se houve premeditação ou negligência por parte do governo, que foi alertado antecipadamente pelos órgãos de inteligência - sobre o risco de invasão dos prédios - e não teria agido para impedir o crime, apenas para se beneficiar de sua repercussão negativa.
O senador Izalci Lucas (do PSDB do Distrito Federal) confirmou que a CPMI será aberta na próxima quarta-feira (26), ao meio-dia. Ele destacou que a investigação vai trazer maior transparência ao debate político, na medida em que jogará luz sobre assuntos ainda não esclarecidos. O senador criticou a mudança de discurso do atual governo depois que vieram à tona as imagens do ex-ministro do presidente Lula, confraternizando com invasores dentro do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, na hora em que o prédio estava sendo depredado.
SONORA: Izalci Lucas, senador (PSDB-DF)
“Depois desse fato, o governo agora já começa a fazer um discurso né, que ele mesmo tem interesse na CPMI. Então vamos acompanhar, para que a gente possa começar imediatamente a CPMI. E demonstrar claramente quem comandou, quem se omitiu, e individualizar as pessoas. Cada um tem que pagar pelo seu erro ou pela sua omissão. E é isso, a CPMI vai dar muita transparência a tudo isso. Então, quarta-feira meio-dia, nós aguardamos. Com certeza nós vamos fazer a leitura e logo em seguida a instalação da CPMI.”
LOC: A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) também deve investigar se a manifestação foi espontânea ou financiada por grupos políticos. E até mesmo se tinham manifestantes ligados ao atual governo, infiltrados apenas com o objetivo de incitar a violência e “culpar” os ativistas acampados em frente ao Exército, que eram simpáticos ao governo anterior.
Reportagem: José Roberto Azambuja