Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, apresentou dados do setor mineral referentes ao 1º trimestre de 2022. Foto: IBRAM
Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, apresentou dados do setor mineral referentes ao 1º trimestre de 2022. Foto: IBRAM

Faturamento e produção mineral registram queda no primeiro trimestre de 2022

A produção recuou 13%, enquanto o faturamento do setor caiu 20% no período

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A produção mineral brasileira registrou uma queda de 13% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando ao patamar de 200 milhões de toneladas produzidas no período. O faturamento do setor também recuou 20% nos três primeiros meses de 2022 em relação ao primeiro trimestre de 2021, alcançando o valor de R$ 56,2 bilhões. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que avalia que a redução das importações chinesas foi o principal fator para os números registrarem queda.

O relatório do setor aponta que a queda nas vendas para a China chega a 31% em relação ao primeiro trimestre de 2021 e a 29% em relação ao quarto trimestre do ano passado. O resultado foi altamente impactado ainda pela redução nas vendas do minério de ferro, que é o principal produto do país. No primeiro trimestre de 2022, a China importou 268,36 milhões de toneladas de minério de ferro, uma queda de 5,2% em relação aos 283,16 milhões do primeiro trimestre de 2021.

Segundo o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, o país possui dependência da China no setor, o que impactou negativamente nos dados do primeiro trimestre. "Isso deve,  sobretudo, à desaceleração que nós tivemos nas importações chinesas, o que também nos leva a uma outra conclusão, que é a dependência que nós hoje temos, em termos de exportações nossas com reflexo em produção e faturamento da China. Isso precisa ser levado em conta, porque, de fato, se trata de uma vulnerabilidade não só no setor, mas também do país como um todo", afirmou.

Com redução na produção e no faturamento do setor mineral, a arrecadação de tributos também registrou diminuição de 20%, acompanhando o faturamento, e a de royalties baixou 25% no primeiro trimestre na comparação com igual período de 2021. O Ibram avalia ainda que as fortes chuvas registradas em Minas Gerais, neste começo de ano, e manutenções em unidades operacionais no Norte do país também ajudam a explicar a queda nos números, comprovando a natureza cíclica da atividade mineral.

Balança Comercial

As exportações de minérios totalizaram US$ 9,4 bilhões no primeiro trimestre do ano, uma queda de 22,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 75,7 milhões de toneladas de produtos minerais exportados. Mesmo com a queda, o setor mineral foi fundamental para o saldo positivo na balança comercial brasileira no primeiro trimestre. Os números mostram que o superávit do setor mineral foi de US$ 6,2 bilhões no período. Isso equivale a 52% do saldo total da balança do país.

Para os próximos meses, o Ibram projeta uma melhora nos resultados. A avaliação é de que embora a China possa prosseguir em estratégias para buscar estabilidade nos preços de minérios, não há sinais de desaceleração na atividade econômica do país oriental. Além disso, a produção brasileira não deverá ser impactada por fenômenos naturais de início do ano, caso das chuvas nas localidades onde se situam as principais unidades de produção.

Investimentos

O Ibram também divulgou o plano de investimentos do setor mineral para os próximos anos, para o ciclo entre 2022 e 2026.  A estimativa é de valores em torno de  US$ 40,4 bilhões, sendo 46% já em execução. Do total, US$ 4,2 bilhões serão investimentos socioambientais e US$ 36,2 bilhões em produção e em infraestrutura. O minério de ferro receberá os maiores aportes até 2026: US$ 13,6 bilhões, à frente de minérios de fertilizantes US$ 5,75 bilhões e de bauxita US$ 5,56 bilhões.

O presidente do Ibram avalia ainda que é fundamental ampliar a pesquisa mineral no Brasil, em razão da importância do setor para a economia brasileira. De acordo com Raul Jugmann, a indústria mineral é responsável por 1,4% de todo o PIB brasileiro. 

"É importante aqui também destacar desse balanço que nós estamos fazendo, a necessidade da ampliação da pesquisa mineral no Brasil. Para vocês terem uma ideia, na escala adequada T1 por 50.000 que é aquela que permite maior precisão no estabelecimento das jazidas minerais e de todo o potencial mineral Brasileiro, nós temos apenas 4,3% do território nacional. Isso tudo precisa ser destacado e precisa ser levado em conta quando se faz um balanço, não apenas de um trimestre contra o outro ou deste trimestre contra o último trimestre do ano anterior. Para se ter noção de que esse setor é responsável positivo por mais de 50% da nossa balança comercial que contribui decisivamente em termos de impostos como também de  royalties para o Brasil", avaliou Jungmann.

Faturamento por estado

Minas Gerais e Pará são os estados que apresentaram produção e exportação mais significativas, mesmo com a queda na comparação em relação ao primeiro trimestre de 2021. Em Minas o faturamento foi de R$ 20,2 bilhões (28% menor), enquanto no Pará, o faturamento foi de R$ 22,8 bilhões (27% menor).

Faturamento por substância

O minério de ferro apresentou o maior faturamento no primeiro trimestre, R$ 32,7 bilhões, 33% a menos do que no mesmo período do ano passado. Já o ouro, que representa 11% do total, teve faturamento de R$ 6,5 bilhões (14% a menos).

Top 15 municípios mineradores

Segundo a Agência Nacional de Mineração, no primeiro trimestre de 2022,  2.404 municípios recolheram Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Cidades de MG e PA são maioria no grupo dos 15 maiores arrecadadores de CFEM por produção. Este dado é importante porque reflete na qualidade de vida nessas cidades: 9 dos 15 maiores arrecadadores de CFEM têm IDH (índice de desenvolvimento humano) maior do que o IDH do estado de origem. Parauapebas (PA) figura no 1º lugar do ranking com recolhimento de R$ 332 milhões de CFEM; em 2º está Canaã dos Carajás (PA) com R$ 241 milhões; em 3º está Conceição do Mato Dentro (MG) com R$ 82 milhões.

Empregos

Dados oficiais do governo federal (Novo CAGED) indicam que foram geradas 1.048 vagas diretas de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022. Assim, o setor totalizava quase 200 mil empregos diretos em fevereiro.
 

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