LOC: O depoimento do ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Saulo Moura da Cunha, nesta terça-feira (1º) na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro foi marcado por revelações bombásticas por parte do depoente.
A CPI do 8 de Janeiro é mista, por envolver parlamentares da Câmara e do Senado. O colegiado foi formado com objetivo de apurar eventuais responsabilidades e omissões que possam ter contribuído com a invasão e a depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes, no início do ano em Brasília.
Saulo Moura foi convocado para depor porque ocupava o cargo de diretor da Agência no dia 8 de janeiro, quando aconteceram os atos de vandalismo.
Logo no início da sessão, o ex-diretor da Abin já revelou o que parecia ser a parte principal do seu depoimento, ao admitir ter conversado por telefone duas horas antes das depredações com o general Gonçalves Dias que naquele momento era o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do presidente Lula.
No entanto, até a própria relatora da CPI Mista, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), uma parlamentar da base do governo, ficou surpresa quando Saulo Moura revelou que, por ordem d o general G. Dias, ele modificou os dados da planilha de informações da Abin sobre o 8 de janeiro.
SONORAS: Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Abin / Eliziane Gama, relatora da CPMI
"Essa primeira planilha ficou arquivada na agência brasileira de inteligência. Portanto, a primeira planilha incluía alertas de inteligência enviados aos grupos da Abin e também todos aqueles alertas que encaminhei do meu telefone pessoal para o Ministro. Ou seja: o senhor está dizendo que o senhor então adulterou a pedido do G. Dias. Eu não adulterei por favor colegas eu não adulterei refuto isso."
LOC: No entanto, a relatora da CPI Mista do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama, insistiu que fora uma ação ilegal.
SONORA: Senadora Eliziane Gama, relatora da CPI Mista
"Quando ele fez essa solicitação ao senhor, o senhor seguiu uma ordem absurda, é bom lembrar que o senhor também tem responsabilidade sobre isso: o senhor atendeu a um pedido de uma ilegalidade. O senhor retirou a verdade, um dado, e não apresentou o relatório que foi encaminhado à Cecap. Então há uma responsabilidade compartilhada por ter atendido a uma ordem absurda. Que fique isso claro, isso está claro no processo legal que trata da administração pública."
LOC: Ao longo da reunião da CPI Mista do 8 de Janeiro, ficou decidido também que a Comissão deu um prazo de 48 horas para que o ministro da Justiça, Flávio Dino, encaminhe ao colegiado as imagens gravadas pelas câmeras de segurança do circuito interno do prédio do Ministério daJustiça e çda Segurança Pública no dia 8 de janeiro. Caso ele não atenda à solicitação, a Comissão irá solicitar a ação do Supremo Tribunal Federal para que tenha acesso às informações negadas até o momento.
Reportagem, Jose roberto Azambuja