LOC.: Febre, calafrios, tremores, suor excessivo e dores de cabeça e no corpo. Os sintomas da malária são comuns a outras doenças, mas o diagnóstico tardio ou a negligência — causaram SETENTA E TRÊS mortes em 2023, segundo o Ministério da Saúde.
No mesmo ano, o país teve mais de CENTO E QUARENTA MIL casos de malária – NOVENTA E NOVE POR CENTO deles em estados da região amazônica, como Amazonas, Roraima, Pará, Rondônia, Acre e Amapá.
Foi em Manaus (AM) onde Érico Oliveira contraiu malária seis vezes, ao longo de 43 anos de vida. O advogado tem uma casa no Tarumã, na área rural da capital. Ele acredita ter contraído todas as infecções nesta propriedade.
TEC/SONORA: Erico Oliveira, advogado
“É uma região com preservação florestal, próxima ao Rio Negro e com muita incidência do mosquito que causa a doença.”
LOC.: Estar em meio à floresta favorece, de fato, a proliferação do mosquito Anopheles. Quando infectado pelo parasito Plasmodium, o vetor transmite a doença através da sua picada.
A gerente de Malária e outros Hemoparasitas da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas, Myrna Barata, explica que estar dentro da floresta e viver ao lado do vetor favorece o alto número de casos.
Mas a questão não se resume a isso:
TEC/SONORA: Myrna Barata, gerente de malária e outros hemoparasitas da Secretaria de Saúde do Amazonas
“Nós também temos uma população muito flutuante, principalmente indígenas, caçadores, garimpeiros, que acabam saindo de áreas endêmicas, para áreas não endêmicas. Como essa pessoa já vem doente de uma outra área, ela acaba infectando o mosquito,e esse mosquito daqui a pouco começa a transmitir para outras pessoas, causando esses surtos de malária que nós temos todos os anos na Amazônia.”
LOC.: Assim como outras doenças, o tratamento da malária é mais efetivo quando iniciado rapidamente — para que o parasita seja eliminado o quanto antes da corrente sanguínea e evite complicações. Se feito da forma correta e no tempo adequado, o tratamento garante a cura da doença. O paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente pelo SUS.
As unidades da Atenção Primária à Saúde, como as UBS, estão preparadas para diagnosticar e tratar a malária. O teste é rápido e o resultado pode sair em poucos minutos, segundo o coordenador de Eliminação da Malária do Ministério da Saúde, Alexander Vargas:
TEC/SONORA: Alexander Vargas, coordenador de eliminação da malária do Ministério da Saúde
“O tratamento da malária ele deve começar por uma unidade básica de saúde e, dependendo do lugar que você estiver, seja em área indígena, em áreas mais afastadas, buscando o atendimento desses profissionais de saúde — microscopistas, agentes de endemia, agentes comunitários de saúde — eles são treinados para fazer o diagnóstico bem rapidamente. Basta apenas coletar uma gotinha de sangue ele pode ser feito por um microscópio também testes rápidos de malária que em 15 ou 20 minutos já se tem o resultado do exame.”
LOC.: Mas os determinantes sociais têm forte influência na perpetuação da malária enquanto problema de saúde pública. Para combater esta e outras 10 doenças e cinco infecções, em fevereiro o governo criou o Programa Brasil Saudável.
O programa prevê ações de 14 ministérios para diagnosticar e tratar as doenças, acabar com a desnutrição e a pobreza, promover a proteção social e os direitos humanos, capacitar agentes sociais, estimular a ciência, a tecnologia e a inovação e expandir iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente. A coordenação é do Ministério da Saúde, como explica Alexander Vargas.
TEC/SONORA: Alexander Vargas, coordenador de eliminação da malária do Ministério da Saúde
“A gente tem que atuar em várias frentes, o mais importante diagnosticar e tratar. Assim se diminui a carga global da doença e, conjuntamente com isso, nós trabalhamos com a utilização de mosquiteiros, de inseticidas, na educação em saúde, repelentes, telas nas casas. Mas o mais importante é diagnosticar e tratar.”
LOC.: A meta do programa é eliminar a transmissão da doença até 2035 e zerar as mortes até 2030.
Para saber mais sobre a malária e o Programa Brasil Saudável, acesse www.gov.br/saude.
Você também pode ligar para o Disque Saúde 136. O serviço funciona 24 horas e a ligação é gratuita.
Reportagem, Lívia Braz