LOC: A decisão do governo de subir a estimativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2023 divide as opiniões de especialistas que acompanham o dia-a-dia da economia. Segundo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a expectativa do governo para o PIB subiu de 2,5% para 3,2%.
O Brasil 61 saiu a campo para ouvir economistas sobre essas novas estimativas do Ministério da Fazenda e constatou a divergência de opiniões. Enquanto especialistas como André Braz (economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e José Márcio de Camargo (da Genial Investimentos) questionam que o governo tenha maior foco — segundo eles, no aumento da arrecadação e não na diminuição dos gastos públicos — o professor Jackson de Toni, do Ibmec Brasília, destaca pontos positivos como a redução da inflação e a queda da taxa de juros.
André Braz, embora também seja otimista em relação ao futuro, ressalta que o Brasil só saberá de fato os resultados deste governo a partir do segundo semestre do ano que vem. Ele defende que o governo "faça a parte dele”, em relação ao corte de desperdício e redução de despesas.
Já o economista Jackson de Toni destaca que o Brasil passa por um processo de recuperação dos fundamentos da economia e de recuperação da credibilidade — tanto interna quanto externamente. Segundo ele, apesar de tudo, o país ainda conta com boas notícias.
SONORA: Jackson de Toni, professor de Economia do Ibmec Brasilia
“Temos muitas notícias positivas, né?... [como] a redução da inflação, que vai ocasionar uma redução da taxa de juros, já é uma realidade. Em alguns setores de alimentos, por exemplo, há deflação, os preços estão diminuindo, o desemprego caiu muito, o que aumenta a atividade econômica, porque a população tem mais renda e aquece o consumo."
LOC: Por outro lado, o economista José Márcio de Camargo acredita que o Brasil caminha claramente para uma situação de aumento de gasto público e aumento da relação dívida-PIB. Segundo o economista-chefe da Genial Investimentos, o arcabouço fiscal não para em pé, simplesmente, porque o aumento de despesa é sempre maior que o aumento de receitas, por parte do governo.
SONORA: José Márcio de Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos
“Num primeiro momento, o aumento de gasto público tende a gerar crescimento da economia. Porém, da mesma forma, o efeito sobre investimento tende a ser negativo. Isso, na verdade, já está acontecendo. Está começando a notar uma queda nos investimentos privados, que são substituídos por um aumento de gastos públicos. E, consequentemente, em algum momento, você bate no estoque de capacidade e a capacidade não aumenta e, consequentemente, o PIB para de crescer."
LOC: De acordo com a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a expectativa do governo para o PIB deste ano cresceu por motivos, entre eles, como o aumento da expectativa da safra do agronegócio brasileiro e também por causa de uma possível recuperação da economia chinesa, no quarto trimestre deste ano.
Reportagem: José Roberto Azambuja