Foto: Geraldo Bubniak/AEN-Paraná
Foto: Geraldo Bubniak/AEN-Paraná

Covid-19: vacinação em massa pode aumentar a projeção de crescimento do PIB, que atualmente está perto de 4%

Segundo senador Carlos Viana, a vacinação em massa já se mostrou efetiva, em outros países, para retorno normal das atividades econômicas

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Nove em cada 10 brasileiros consideram grave a situação da pandemia de Covid-19 no Brasil. A informação é da segunda etapa da pesquisa “Os brasileiros, a pandemia e o consumo”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, o cenário é considerado grave por 89% da população. Há um ano, esse percentual era de 80%.

Para o diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaéz, apesar do aumento na percepção de gravidade da situação, não se pode afirmar que as medidas de prevenção também se expandiram, já que grande parte da população – muitas vezes em situação de vulnerabilidade socioeconômica – continua se expondo ao vírus para trabalhar e se sustentar.

“Esses trabalhos ocorrem, em grande parte, em locais fechados, com má ventilação. Os trabalhadores são obrigados a tomarem sempre o risco para si, [como no caso] do transporte público. Todas essas circunstâncias desfavoráveis fazem com que a possibilidade de que a consciência da gravidade pudesse melhorar os cuidados não aconteça, porque está fora da governabilidade das pessoas”, esclarece.

O senador Carlos Viana (PSD-MG) ressalta a importância de ampliar a vacinação contra a Covid-19 para alavancar a economia brasileira.

“A vacinação em massa já se mostrou efetiva, em outros países, para o retorno à vida normal e ao controle da pandemia. Aqui no Brasil, na minha opinião, nós cometemos um grave erro em não liberar a compra de vacinas, inclusive pela iniciativa privada; porque quanto mais pessoas imunizadas, menos contaminação em casa, menos hospitais lotados e mais empresas poderiam voltar a produção”, aponta o parlamentar. 

“O nosso PIB esse ano pode crescer até perto de 4%; ou seja, se nós já tivéssemos a pandemia sob controle e a vacinação ampliada, nós teríamos um crescimento ainda mais rápido na geração de emprego e de renda para todos os brasileiros”, acrescenta.

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Vacinômetro

Segundo o Ministério da Saúde, 71.210.783 pessoas já tomaram a primeira dose da vacina contra Covid-19, o que representa 33,8% da população, e 25.598.426 pessoas tomaram a segunda dose, cerca de 12,1% dos brasileiros. Os dados são do dia 28 de junho.

Para José David Urbaéz, a campanha de vacinação contra a Covid-19 é fundamental para ampliar a cobertura da imunização no País.

“Por mais que vacinemos, nesse momento, dois ou três milhões de pessoas, ainda estaríamos longe de termos um percentual de vacinados de 50% da população com duas doses, o que permitiria um certo alívio no sentido de controle da pandemia”. Com a baixa vacinação, o especialista reforça a necessidade de aliar a vacinação às medidas de isolamento social.

Percepção da situação da pandemia

A pesquisa da CNI foi realizada entre 16 e 20 de abril, com 2.010 pessoas. Para 93% das mulheres entrevistadas, a situação é grave ou gravíssima. Já entre os homens, esse percentual é de 85%. Por faixa etária, 86% da população entre 25 e 40 anos consideram a pandemia como grave. Já entre aqueles com mais de 60 anos, essa percepção sobe para 92%.

Segundo o infectologista José David Urbaéz, o aumento da percepção de gravidade da pandemia se deu pelo próprio agravamento da doença no Brasil, no início de 2021.

“Esse aumento na percepção da gravidade é o cenário que se construiu com a recrudescência [da Covid-19] e que de alguma forma mexeu com o negacionismo e a falta de percepção da realidade. As cenas terríveis de pacientes se sufocando por falta de oxigênio, o colapso nas estruturas hospitalares, o aumento significativo do número de casos e de óbitos; tudo isso cria um conjunto narrativo extremamente sensibilizador à população”, afirma.

O especialista também cita outros fatores que levaram a população a se conscientizar sobre a gravidade da pandemia, como a falta de sedativos para pacientes que precisam de intubação; as novas cepas do coronavírus, mais transmissíveis e letais; além do aumento de internações e mortes entre pessoas mais jovens pela Covid-19.

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