Foto_ Lucas Lins_Prefeitura Lauro de Freitas
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Covid-19: vacina chega para quilombolas da microrregião de Capelinha (MG)

Cerca de 68% da população quilombola de Capelinha tomou a primeira dose da vacina. Em Berilo, município que integra a região, 89% dos quilombolas deram o primeiro passo para a imunização

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Moradores das comunidades quilombolas da microrregião de Capelinha, em Minas Gerais, deram o primeiro passo para a imunização contra a Covid-19. A região de Capelinha abrange as cidades de Berilo, Itamarandiba, Francisco Badaró, Minas Novas, Capelinha, Angelândia, Chapada do Norte, Jenipapo de Minas, Leme do Prado e José Gonçalves de Minas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12 mil quilombolas moram na região. Desse número, 8.248 tomaram a primeira dose da vacina contra o coronavírus, o equivalente a 68,7% da população quilombola, segundo painel do Ministério da Saúde. 

Número de quilombolas que tomaram a vacina na região de Capelinha:

Município 1ª Dose 2ª Dose
Itamarandiba 419 1
Francisco Badaró 491 1
Minas Novas 1099 9
Capelinha 970 6
Angelândia 208 0
Chapada do Norte 1349 12
Berilo 2826 13
Jenipapo de Minas 577 0
Leme do Prado 98 0

*Dados do dia 24/06/2021

Berilo é o município que concentra o maior número de quilombolas, com 3.169 moradores. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca 89% da população quilombola acima dos 18 anos tomou a primeira dose da vacina AstraZaneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz. Até o último boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura, no dia 23 de junho, a pequena cidade, que fica distante 350 km de Belo Horizonte e possui pouco mais de 12 mil habitantes, registrou 152 casos de contaminação pela Covid-19, sendo que 21 foram entre quilombolas. A cidade não registrou nenhum óbito. 

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica, no entanto, a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.”

Berilo é um dos poucos municípios brasileiros que não registrou nenhuma morte em decorrência da doença desde o início da pandemia. Para a secretária municipal de Saúde, Liliane Rodrigues Ferreira, os números baixos são resultado de um trabalho de conscientização. “Não tivemos nenhum óbito. Nós não fizemos lockdown nenhuma vez. Em 2020, não era a nossa gestão, mas foi feito o trabalho de prevenção, orientação, campanhas de conscientização e, naquele momento, a população acatou muito bem”, disse Liliane. 
 
Apesar de a maioria dos quilombolas terem sido vacinados, algumas pessoas ainda estão resistindo em tomar o imunizante devido à falta de informações. Geralda Gomes Oliveira, de 68 anos, moradora da Comunidade Quilombola de Caititu do Meio, disse que não tomou a primeira dose da vacina por sentir medo, mas mudou de ideia depois que seus irmãos foram imunizados. “Antes eu não conhecia ninguém que tinha tomado a vacina. Não tinha vontade de tomar [a vacina], pois tinha medo. Mas já que veio para minha comunidade, eu vacinei. Conheci muita gente que se vacinou e não teve reação”, declarou. 

Proteja-se

De acordo com o Ministério da Saúde, todos os imunizantes utilizados aqui no Brasil passaram por testes e são totalmente seguros, como explica a coordenadora Francieli Fantinato. “Todas as vacinas de Covid-19 que estão disponíveis hoje, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), são seguras. Seja para a população quilombola, ou seja, para a população em geral. Então todas elas passaram pela avaliação da agência regulatória e comprovaram a sua eficácia e segurança”, ressaltou.


Francieli ressalta que é comum algumas pessoas apresentarem reações leves após tomarem a vacina. No entanto, ela garante que o imunizante é seguro. “Na maioria das pessoas, esses eventos são leves. Os eventos mais comuns observados, em relação à vacina contra a Covid-19, são dor de cabeça, dor no local da aplicação, febre, náuseas, dores no corpo, tosse e até mesmo diarreia. Em caso de eventos adversos pós vacinação, orienta-se que os indivíduos procurem a unidade de saúde para ser acompanhados pelo serviço.”

Os quilombolas são grupo prioritário no calendário nacional de vacinação. A vice-presidente da Associação Quilombola dos Produtores e Artesãos do Quilombo Barra do Ribeirão Bau e Sanim, Maria das Neves, faz apelo para que todos os quilombolas se vacinem “Gostaria de pedir a todos, principalmente os quilombolas, que valorizem, aproveitam esse direito nosso. É uma oportunidade que estamos tendo de vacinar. A vida é muito importante. E, como quilombolas, nós somos do quilombo, nós temos que aceitar, respeitar e lutar bravamente em busca dos nossos direitos. Procure as suas comunidades. Quem não foi vacinado ainda, que vá atrás, vá em busca dos seus direitos”, pediu. 

Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança: use máscara de pano, lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações. Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico imediato. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve.

Vacinação em Minas Gerais

De acordo com o Ministério da Saúde, 13.292.074 doses da vacina contra a Covid-19 foram enviadas para Minas Gerais. Dessas, 8.247.075 foram aplicadas, sendo 5.869.532 aplicadas como primeira dose e 2.377.543 como segunda dose.  Em relação às doses aplicadas nas comunidades quilombolas, o boletim da Secretaria de Saúde do Estado aponta que Minas vacinou 100% da população com a primeira dose e 7,42% com a segunda dose da vacina. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.

Serviço

Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal saude.gov.br/coronavirus ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.

Veja como está a vacinação Quilombola no seu município

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