Data de publicação: 30 de Março de 2023, 19:50h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:26h
A confiança da indústria subiu 2,4 pontos em março, chegando a 94,4 pontos, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). É o melhor índice desde outubro de 2022 (95,7 pontos). Em relação às médias móveis trimestrais, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) atingiu o primeiro resultado positivo após cinco meses de queda e um de estabilidade. Nesse período a variação foi de 0,4 pontos, alcançando 93,2 pontos.
A sondagem feita pelo instituto também avaliou uma alta da confiança em 13 dos 19 segmentos analisados. De acordo com a FGV IBRE, esse otimismo vem em relação às perspectivas para os próximos meses, apesar da piora da percepção da situação atual. O Índice Situação Atual (ISA) variou negativamente em 1,3 ponto, ficando em 91,5 pontos. Esse é o pior resultado desde junho de 2020 (89,1 pontos).
Em relação ao ISA, o que mais influenciou de forma negativa o índice, que recuou 2,7 pontos, ficando em 109,3 pontos, foi o indicador que mede o nível de estoque. Quando esse índice está acima de 100 pontos significa que a indústria está operando com estoques acima do desejável, excessivo.
Já em relação ao Índice de Expectativas (IE) houve um aumento de 6,1 pontos, passando para 97,5 pontos. É o melhor resultado desde setembro de 2022 (98,0 pontos). Para os próximos três meses, o indicador que avalia o emprego apresentou aumento de 7,0 pontos, ficando em 101,8 pontos - retornando ao patamar de outubro do ano passado.
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O conselheiro federal e coordenador da comissão de política econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Fernando de Aquino, explica que a melhoria do Índice de Confiança da Indústria foi reflexo da expectativa e otimismo dos empresários, por conta das políticas de incentivo ao setor ao consumo e aos investimentos.
“Esse índice de expectativas melhorou em função do otimismo dos empresários do setor com relação às políticas de incentivo de transferências assistenciais para os setores de mais baixa renda, mas também uma política de crédito dos bancos públicos, como o BNDES, que vão incentivar setores da indústria”, pontua Aquino.
Outro índice que apresentou crescimento foi o Nível de Utilização de Capacidade Instalada da Indústria, que variou positivamente em 0,3 ponto percentual, para 79%, depois de recuar por oito meses consecutivos.
Perspectivas para os próximos meses
Apesar do avanço do índice em março, o doutor em economia pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas Renan Gomes de Pieri explica que o cenário para o setor ainda é de estabilidade. Quando comparado com o mesmo período do ano passado, a confiança da indústria está menor.
“A gente deve ter nos próximos meses uma certa estagnação ou, pelo menos, uma oscilação da confiança da indústria num nível mais baixo do que estava no ano passado. Isso por conta das dificuldades que a economia está enfrentando neste momento, com uma perspectiva de redução na atividade econômica”, pontua o economista.
No entanto, Pieri também sinaliza que pode ocorrer, nos próximos meses, melhoras mensais por fatores sazonais. “Ou simplesmente porque em momentos de pessimismo é natural que a confiança caia mais do que a realidade econômica justifica. Um pouco dessa recuperação de março tem a ver com isso, o entendimento de que o cenário não seja tão negativo quanto se esperava”, explica o doutor em economia.