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O Brasil vai assumir em 1º de dezembro deste ano a presidência rotativa do do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, entre elas Estados Unidos, China e Japão. Na mesma data, o país passa a presidir o B20, braço empresarial do grupo.
Desde 2010, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a entidade que representa o setor produtivo brasileiro no B20. Por um ano, terá a missão de encabeçar os diálogos entre as empresas que compõem o setor privado das principais economias do mundo.
Presidente eleito da CNI, Ricardo Alban afirma que a participação em organismos de cooperação internacional pode ajudar o Brasil a se desenvolver economicamente. "Obviamente, os organismos internacionais, como o Cebrics [Conselho Empresarial do Brics], o B20, junto com o G20, são fundamentais para que a gente possa montar toda essa estrutura complementar para garantir o nosso desenvolvimento econômico sustentável."
Melhor ainda, ele diz, é liderar esses grupos, oportunidade que o setor produtivo brasileiro deve aproveitar. "Iremos para Nova Déli, onde terá reuniões do G20 e do B20 (das empresas privadas). Que tenhamos a oportunidade de poder traçar planos de ação e estratégias complementares e, com isso, garantir mais entregas, mais efetividade, mais oportunidades no mercado internacional e mitigar, principalmente, os grandes entraves que podemos ter para as nossas empresas", projeta.
Segundo a CNI, o B20 tem papel estratégico no crescimento da economia global. Todos os anos, o grupo trabalha em propostas a serem entregues antes do encontro anual do G20, de modo que haja tempo suficiente para a análise do material que auxilia os líderes internacionais.
A liderança do B20 é uma extensão da presidência que o Brasil também exercerá à frente do G20. O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Andrada afirma que passar um ano à frente da organização internacional pode ser útil, inclusive, para destravar acordos importantes. Segundo o economista, presidir a organização permite ao Brasil determinar as agendas, marcar os encontros e colocar em pauta temas de interesse do país. A Índia ocupa a presidência rotativa do grupo até o dia 30 de novembro.
“Pode ser uma boa oportunidade para atrair investimentos para setores em que o Brasil é uma potência, que o Brasil tem uma grande expertise, que pode contribuir muito, como pode também ajudar a destravar acordos como o do Mercosul com a União Europeia, outros acordos industriais, tentando fortalecer setores em que o Brasil não é tão forte assim, que tem perdido força ao longo das últimas décadas. Tudo isso vai depender de como vai ser aproveitada essa presidência — e também tem que saber como estarão os ouvidos dos outros países em relação às demandas brasileiras”, explica.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), compete ao país que preside o G20 convidar países não-membros do grupo para participarem dos trabalhos daquele ano, em capacidade própria ou como representantes de organizações regionais. O Brasil convidou, segundo o órgão, Paraguai e Uruguai para participarem do G20. Os países ocuparão as presidências pro tempore do Mercosul no primeiro e segundo semestres de 2024, respectivamente.
O G20 responde por cerca de 85% do PIB mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população do mundo. Por isso, Alexandre Andrada pontua que o Brasil precisa saber aproveitar a presidência do grupo e entende que as principais pautas a serem defendidas pelo país serão reflexo dos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Provavelmente o que o presidente Lula vai levar, vai tentar colocar como prioridade são essas questões de floresta, agricultura, povos indígenas, a questão da fome, da pobreza, das responsabilidades dos países desenvolvidos e em desenvolvimento nessas questões”, acredita o economista.
A Cúpula do G20 em 2023 vai acontecer nos dias 9 e 10 de setembro na capital indiana, Nova Delhi.
Fundado em 1999, o Grupo dos 20 (G20) é o principal fórum de cooperação econômica internacional composto pelas principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo. São 19 países — Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos — e a União Europeia.
Em 2010, foi criado o Business 20 (B20) — um mecanismo de diálogo oficial do G20 com a comunidade empresarial global. O Brasil é representado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no âmbito do B20, que é um dos principais grupos do G20 e possui papel estratégico no crescimento econômico mundial. O B20 tem a missão de fornecer recomendações de relevância para a formulação de políticas sobre as prioridades de cada presidência.
O Brasil vai presidir o G20 do dia 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024. O presidente Lula editou o decreto 11.561/2023. O texto, publicado em junho, institui a Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência Brasileira do G20, integrada por 39 órgãos da Administração Federal. O decreto atribui à secretaria de Assuntos Econômicos e Financeiros do MRE coordenar a trilha Depa Sehrs — que representa os líderes do G20.
Já a trilha financeira será coordenada pela secretaria de Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério da Fazenda e envolve também o Banco Central. Estão previstas mais de cem reuniões durante a presidência brasileira. A Cúpula do G20 será realizada no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro de 2024. Em nota, o MRE destaca a importância da liderança do grupo para o Brasil.
“Dado o importante papel do G20 na discussão de temas centrais para a governança global, com a participação tanto de países desenvolvidos quanto de países em desenvolvimento, a presidência deste agrupamento representará oportunidade única para que o Brasil projete suas prioridades de política externa e suas políticas públicas internas nas áreas de atuação do grupo”, ressalta o ministério.
Entre os dias 22 e 24 de agosto, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — economias emergentes que formam o Brics — se reúnem em Joanesburgo, na África do Sul para discutir pautas importantes para os países. A principal delas deve ser a entrada de outras nações no bloco. A cúpula também deve ser um importante centro de discussão econômica entre governos e empresários. O grupo conta com a participação do setor privado por meio do Conselho Empresarial do Brics (Cebrics).
No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ocupa a secretaria-executiva do mecanismo. De acordo com a CNI, o Cebrics tem uma estrutura com nove grupos de trabalho, que contam com mais de 90 representantes brasileiros e funcionam de forma consultiva para formular recomendações por temas.
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