
LOC.: Uma conta que pode chegar ao bolso do consumidor e impactar negativamente as empresas. Essas são algumas das consequências previstas pelo setor produtivo após a entrada em vigor da Medida Provisória que eleva o Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF, sobre diversas operações. A MP veio em complemento aos decretos de aumento do IOF, em 22 de maio.
Apesar do recuo do governo em alguns pontos, a manutenção da alíquota diária sobre essas operações ainda terá impactos diretos no custo de capital das empresas e entidades e especialistas questionam a legalidade da cobrança.
O advogado tributarista e sócio do Vernalha Pereira, Luis Claudio Yukio Vatari, diz que as mudanças, apesar de não estarem totalmente definidas, já começam a atrair clientes para os escritórios de advocacia, em busca de judicialização.
Segundo ele, na prática, a nova regra pode gerar aumento da tributação, principalmente dos bens e mercadorias, já que é comum os contribuintes se utilizarem da sistemática de antecipação de recebíveis, ou seja, o IOF vira custos das operações de venda, que já sofrem a incidência de PIS/COFINS/ICMS, aumentando a respectivas bases de cálculo.
TEC/SONORA: advogado tributarista e sócio do Vernalha Pereira, Luis Claudio Yukio Vatari
“Tributar também com IOF essas operações abre espaço para judicialização, pois fere princípios de direito tributário e a própria natureza extrafiscal do tributo. Além disso, o aumento do custo pode impactar negativamente o fluxo de caixa das empresas e restringir o acesso de micro e pequenas fornecedoras ao crédito, já que muitas dependem dessa estrutura para se financiar. O tema já é motivo de mobilização por parte do setor produtivo."
LOC.: Para o deputado Domingos Sávio, do PL de Minas Gerais, a MP é mais uma medida do governo que vai impactar de forma negativa quem mais gera emprego no país. Sávio destaca os piores pontos do documento.
TEC/SONORA: deputado Domingos Sávio do PL -MG
“A medida provisória é pior do que o decreto, porque é gananciosa. Ela faz mal para a economia brasileira, principalmente, e por suas situações que estão lá. A tributação sobre o LCI e LCA. Quando o governo desestimula as pessoas a aplicar investimentos no agro e na construção civil, ele vai atrapalhar o crédito rural, imobiliário, tornar esses créditos mais caros, gerando inflação e aumento de juros.”
LOC.: Para o vice-presidente jurídico da CACB, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, Anderson Trautmann, todas essas medidas trazem insegurança jurídica justamente num momento de dificuldade de equilíbrio fiscal.
TEC/SONORA: Anderson Trautmann, vice-presidente jurídico da CACB, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil
“Na nossa ótica, esse enfrentamento do déficit fiscal deveria ver vir pelo lado da despesa, uma reforma administrativa, uma redução do custo da máquina pública federal e não pelo aumento de receitas”
LOC.: A MP já está em vigor, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias para não perder a validade.
Reportagem, Lívia Braz