LOC.: O aumento do comércio eletrônico durante a pandemia levou à falta de contêineres para atender à demanda dos portos brasileiros. A informação é de um estudo da Agência Nacional de Transportes Aquaviários, a Antaq. Segundo o levantamento, essa situação deve persistir a médio prazo.
Além da falta de contêineres, os principais impactos sentidos pelos usuários do sistema foram aumento do frete, cancelamento de atracagem, congestionamento portuário e alterações dos prazos de entrega.
A diretora da Antaq, Flávia Takafashi, afirma que os impactos foram observados em portos do mundo inteiro, não apenas pela amplitude da pandemia, mas também pela própria natureza globalizada da atividade portuária.
TEC/SONORA: Flávia Takafashi, diretora da Antaq.
“Nesse momento de aumento de demanda, de diminuição do número de navios dispostos para algumas rotas e de problemas logísticos nos portos - com o aumento de ocupação dos pátios - os navios passam a ficar mais tempo nos portos para conseguir atender toda a demanda de movimentação, gerando uma diminuição de eficiência operacional. Isso [acontece] no mundo todo e o Brasil acompanha essa diminuição de eficiência dos terminais.”
LOC.: Com o desequilíbrio entre oferta e demanda de contêineres e o aumento do preço do combustível naval, houve uma elevação mundial do valor do frete de contêiner. Para se ter uma ideia, o frete entre Santos e Xangai, na China, passou de 2 mil dólares, em 2019, para 10 mil dólares, no final de 2021.
Apesar do aumento, Flávia Takafashi afirma que a movimentação de contêineres continua crescendo.
TEC/SONORA: Flávia Takafashi, diretora da Antaq.
“Em 2022, a tendência também é de crescimento. A diferença é que vamos ter mais contêineres movimentados, com uma logística um pouco desestruturada ou impactada pelos efeitos da pandemia, sendo que a cabotagem cresce em um ritmo maior que a movimentação de longo curso.”
LOC.: Ainda de acordo com o levantamento, 77% dos terminais de contêineres brasileiros registraram aumento de cancelamentos de atracagens de navios já previstas para acontecer, provocando acúmulo de cargas nos terminais e embarcações.
Segundo a diretora da Antaq, apesar disso, o cenário não requer, hoje, uma revisão das atuais normas da agência, que ainda são capazes de regular a situação.
Reportagem, Paloma Custódio