Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Alta no dólar e queda no Ibovespa marcam primeiro dia útil após posse de Lula

Reações refletem dúvidas do mercado em relação às políticas econômicas que serão adotadas no governo Lula

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O ano de 2023 começa com alta no dólar e registro de queda no principal indicador de desempenho das ações negociadas na bolsa de valores brasileira, o Ibovespa.  Essas reações são resultado das incertezas do mercado financeiro em relação às políticas econômicas que serão adotadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O dólar encerrou o segundo dia do ano com alta de 1,52%, enquanto a queda  registrada no Ibovespa foi de 3%.

O especialista em orçamento público, Cesar Lima, explica que as reações do mercado na economia refletem na geração de empregos, já que dependendo da análise econômica, o empresário tem medo de expandir sua produção, e pode também impactar nos investimentos no país. Ele afirma que as movimentações do mercado são esperadas, até que esteja mais clara a forma de o novo governo conduzir a economia. 

“Existem muitas expectativas por parte do mercado em relação a que tipo de modelo econômico será adotado pelo novo governo. Temos aí, inicialmente, a nova âncora fiscal, que vai indicar se vamos ter um cenário de aumento de dívida, de despesa ou até um possível aumento de carga tributária. Então realmente esse desenho, até que ele se confirme, o mercado deve ter suas reações nesse compasso de espera”, pontua. 

Em seu primeiro discurso como presidente do Brasil, Lula declarou que vai tentar derrubar a regra fiscal utilizada para limitar o crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior, o chamado teto de gastos, criticado pelo novo chefe do Executivo. Ao tomar posse como ministro da Fazenda, Fernando Haddad afirmou que enviará ao Congresso Nacional ainda no primeiro semestre deste ano uma nova regra fiscal para substituir o teto de gastos. 

Além disso, nesta segunda-feira (2), foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Medida Provisória que prorroga por mais 60 dias a desoneração dos impostos sobre combustíveis, com custo estimado de mais de R$ 50 bilhões aos cofres públicos.  Inicialmente, Fernando Haddad recusou a prorrogação da desoneração, iniciada no governo de Jair Bolsonaro, mas acabou cedendo. De acordo com Cesar Lima, a medida encolhe as receitas do governo, mas a falta desse instrumento levaria a um processo inflacionário.  

“A desoneração dos combustíveis é um mal necessário nesse momento, onde a conjuntura internacional força o preço dessa commoditie, que influencia muito na inflação brasileira. Então, essa desoneração é necessária no momento, a fim de que a gente não tenha um aumento na pressão inflacionária”, afirma.

Para o coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Fernando de Aquino, o terceiro mandato de Lula à frente da presidência da República terá como desafios reduzir as taxas de juros, para que seja possível oferecer crédito mais barato para consumo e investimento, manter a inflação sob controle e garantir responsabilidade fiscal aos agentes econômicos. 

“Precisamos de um arcabouço fiscal que dê uma tranquilidade aos agentes econômicos de que a dívida do governo não vai ser explosiva, não vai ter problema de calote ou coisa parecida. Então, a gente precisa de um arcabouço fiscal que garanta isso”, destaca.  

De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central no último dia 30 de dezembro, antes da posse presidencial, a expectativa do mercado para inflação em 2023 é de 5,31%.
 

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