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Agrotech: startups trazem tecnologia e inovação para o agronegócio

O cenário das agtechs ocupa o terceiro lugar (11,8%) entre os segmentos mais comuns de startups

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A proporção de internautas em áreas rurais cresceu no país, em comparação ao período anterior à pandemia. Em 2019, 53% dos indivíduos de 10 anos ou mais estavam conectados à internet; em 2021, o número subiu para 73%, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2021. De acordo com o levantamento, o Brasil tem hoje mais de 148 milhões de usuários.

O setor agropecuário é um dos motores da economia nacional, e as novas tecnologias são um fator chave para o avanço. A inovação tecnológica tem um papel essencial para otimizar os rendimentos do agronegócio, com produtividade e sustentabilidade. Nesse cenário, as startups ganham destaque pela inovação, por meio de soluções de alta tecnologia para obstáculos enfrentados por produtores rurais. 

As startups especializadas em soluções voltadas para o setor do agronegócio são denominadas agtechs, que ocupam o terceiro lugar (11,8%) entre os segmentos mais comuns de startups, ficando atrás apenas de educação (17,3%) e saúde e bem-estar (17,1%), segundo a Associação Brasileira das Startups (Abstartups).

A associação mapeou e identificou 299 agtechs ativas em todo Brasil, concentradas principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Ainda de acordo com o estudo, o setor é majoritariamente composto por empreendedores homens, com 68,8% dos fundadores do gênero masculino e 5,1% de fundadoras mulheres. As empresas com mais de um fundador em que a maioria são mulheres correspondem a 2,5%; as empresas com mais de um fundador e a maioria são homens representam 16,6%; e 7% são empresas com mais de um fundador com igual proporção entre mulheres e homens.

As tecnologias dentro das agtechs brasileiras

Ainda segundo dados da Abstartups, as principais tecnologias aplicadas pelas agtechs brasileiras são: aplicação de dados, inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), softwares de comunicação e gerenciamento de nuvem e devices. Isso permitiu aumentar a produtividade, os lucros e a eficiência, além de garantir maior segurança nas operações e entender melhor as demandas do mercado. 

A agtech PerfectFlight foi fundada em 2015 em São João da Boa Vista, São Paulo, pelos produtores rurais Kriss Corso e Josué Corso. O objetivo era criar um sistema para solucionar os desafios dos produtores no gerenciamento das pulverizações aéreas. O sistema foi construído em um ambiente de nuvem (cloud computing), o que permite que o software seja executado em qualquer dispositivo com acesso à internet.

“O nosso objetivo é saber onde, quando e como esses químicos, biológicos estão sendo aplicados, como que o agricultor está investindo o seu dinheiro em defensivos e qual é o retorno disso dentro da lavoura. Então a PerfectFight, ela vem com esse papel, de trazer toda essa mensuração, essa gestão sustentável da pulverização aérea agrícola é não só com aeronaves, hoje nós temos trabalhado com drone, helicópteros para melhor informação e tomada de decisão do agricultor”, explica o engenheiro agrônomo e gestor de desenvolvimento de negócios da empresa, Paulo Villela.

Já a Grão Direto, startup fundada em 2006 por três amigos de infância em Uberaba, Minas Gerais, é uma plataforma para a negociação de commodities como milho e soja entre vendedores, corretores, compradores e armazéns de grãos. Todo o processo é feito de maneira digital. Para facilitar, os usuários têm acesso aos preços médios das commodities em diversas regiões. Assim, tanto vendedores quanto compradores podem tomar a melhor decisão.

A plataforma também permite acessar os custos médios com frete para entregas, a cotação de dólar e ativos das principais bolsas. “Por meio da Grão Direto, você pode aumentar sua rede de contatos, se conectando com diferentes pessoas e encontrando oportunidades de negócio que antes, só teria acesso por telefone, de forma analógica. Temos vários exemplos no nosso dia a dia, de compradores e vendedores da mesma cidade, que antes da Grão Direto não se conheciam e nunca haviam negociado. E que através da plataforma tiveram a oportunidade de se conectar e realizar muitos negócios. Há negociadores, também, de regiões distintas e fora dos grandes centros”, aponta o líder de transações digitais da agtech, José Carlos Mazzeto. 

Os empresários avaliam que embora o agronegócio seja um dos principais setores da economia brasileira, ainda há muitos produtores rurais pequenos, sem acesso a tecnologia por diversos motivos, entre eles a pouca escolaridade, a falta de informação e os altos custos de implementação. Para José Carlos Mazzeto, a digitalização e a agregação tecnológica são os maiores desafios encontrados nos processos fora da porteira, ou seja, nas atividades necessárias para a comercialização do produto final, como industrialização, armazenagem e distribuição.

“Nós temos os desafios de adaptação, nós sempre temos em qualquer setor a adaptação à tecnologia, mas essa forma pessoal de tratar o cliente, de tratar o usuário, ela é superimportante. Essa forma humana de você ensinar, mostrar o caminho, essa empatia com o cliente, ela é essencial para as agtechs”.

Como as tecnologias podem ajudar o setor no futuro

O agrônomo Paulo Villella observa que a cada nova tecnologia implementada, processos são transformados e toda a cadeia de produção agrícola sai ganhando. “A tecnologia no campo evolui muito rápido, às vezes em um dia a demanda é uma, em outra safra a demanda já mudou completamente. Pego pela nossa região, que já passou diversas culturas, tinha muito algodão há 30, 40 anos atrás, aqui no interior de São Paulo, hoje já não tem pé de algodão, então são oportunidades diferentes em cada safra, e as agtechs têm que estar de olho nisso para transformar a tecnologia a favor da cultura”, aponta.

Outros pontos importantes, segundo o agrônomo, são o aumento da produção e a melhoria da qualidade dos produtos. Quando o produtor tem informações da própria produção em mãos, pode escolher mais pontualmente onde precisa melhorar. “Os agricultores de médio, grande porte que não olharem para isso e não utilizarem essas ferramentas, estão cada vez mais sujeitos a perderem as suas margens que são cada vez menores. Quem não mede não controla. Então esse agricultor vai precisar dessas ferramentas para cada vez mais medir e ajeitar, saber onde que ela perde, para perder menos, saber onde ela ganha, para ganhar mais. E cada vez mais ter esse giro e pensar sempre em expansão”, explica Paulo Villela.

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